Nos dias quentes de verão, o ar-condicionado é visto como um verdadeiro alívio. Ele mantém a temperatura agradável e controla a umidade, tornando ambientes internos mais confortáveis. Entretanto, algumas pessoas evitam usá-lo, temendo que ele possa provocar doenças. Embora isso pareça exagero para alguns, a preocupação não é totalmente infundada. De acordo com especialistas, o uso inadequado e a falta de manutenção dos aparelhos de ar-condicionado podem de fato levar a problemas de saúde.
Síndrome do edifício doente
A “sindrome do edifício doente” é o termo utilizado para descrever um conjunto de sintomas que surgem após longos períodos em ambientes climatizados. Os sinais incluem dores de cabeça, tontura, nariz entupido, tosse persistente, irritações na pele, dificuldade de concentração e fadiga.
A condição é mais comum entre pessoas que trabalham em escritórios, mas pode afetar qualquer um que passe muito tempo em edifícios com ar-condicionado, como hospitais. Os sintomas tendem a piorar quanto mais tempo se passa dentro do ambiente e geralmente desaparecem ao sair dele.
Um estudo recente da Índia comparou 200 adultos saudáveis que trabalhavam em ambientes climatizados com 200 que não utilizavam ar-condicionado. Os trabalhadores da primeira categoria apresentaram mais sintomas da síndrome do edifício doente ao longo do estudo de dois anos, fartamente reportando principalmente uma maior prevalência de alergias. Testes clínicos mostraram que aqueles expostos ao ar-condicionado possuíam uma pior função pulmonar e faltas ao trabalho mais frequentes em comparação ao grupo sem ar-condicionado.
Outros estudos confirmaram que trabalhadores em ambientes climatizados têm maior prevalência da síndrome do edifício doente do que aqueles que não trabalham em locais climatizados. Uma das causas suspeitas para isso é o mau funcionamento dos aparelhos de ar-condicionado, que podem liberar alérgenos e microorganismos no ar.
Riscos associados à Legionella
O crescimento de patógenos bacterianos em sistemas de ar-condicionado pode resultar em infecções graves. A Legionella pneumophila, por exemplo, pode causar a doença dos legionários — uma infecção pulmonar contraída pela inalação de gotículas de água contaminadas. A bactéria prospera em ambientes ricos em água, como banheiras de hidromassagem e sistemas de ar-condicionado. Os sintomas incluem tosse, falta de ar, desconforto no peito, febre e sinais semelhantes à gripe.
Infecções por Legionella podem ser fatais e geralmente requerem hospitalização, com a recuperação podendo levar várias semanas. Essas infecções são especialmente comuns em locais públicos, como hotéis e hospitais, onde a bactéria pode contaminá-los.
Infecções fúngicas e virais
Além da Legionella, a acumulação de poeira e umidade em sistemas de ar-condicionado pode propiciar o crescimento de outros microrganismos infecciosos. Fungi como Aspergillus, Penicillium e Cladosporium podem proliferar em ambientes hospitalares, apresentando sérios riscos para pacientes vulneráveis, como aqueles imunocomprometidos.
As infecções fúngicas, por exemplo, podem ser devastadoras, causando pneumonia e outras complicações graves. Já as infecções virais, como o norovírus, também podem ser transmitidas por meio do ar-condicionado, como demonstrou um caso na China, onde crianças em uma sala de aula contraíram o vírus devido à contaminação do sistema de climatização.
Contrapõe-se a isso a pesquisa que sugere que sistemas de ar-condicionado bem mantidos podem, na verdade, reduzir os níveis de vírus no ar, incluindo o COVID-19. Isso significa que um bom serviço e a limpeza regular dos aparelhos são fundamentais para minimizar esses riscos.
A importância da manutenção
A chave para manter o ar-condicionado seguro e saudável é a manutenção regular. Isso inclui a limpeza dos filtros e a verificação do bom funcionamento do sistema. Ar-condicionado projetados para filtrar contaminantes, esporos fúngicos, bactérias e vírus, podem se tornar fontes de infecção se não forem bem cuidados.
O controle de umidade também é um fator importante. Ambientes secos podem prejudicar as membranas mucosas do nariz e da garganta, aumentando a susceptibilidade a infecções. Um ar-condicionado operante ilustra a necessidade de um equilíbrio entre conforto e saúde.
Portanto, é necessário entender que o ar-condicionado, embora essencial para o conforto em temperaturas extremas, exige atenção e cuidado para garantir que não se torne um veículo de doenças, mas sim um aliado em ambientes saudáveis e confortáveis.
Por fim, lembre-se de que a saúde deve ser uma prioridade e que pequenas atitudes, como a manutenção frequente do ar-condicionado, podem fazer uma diferença significativa na sua qualidade de vida.