O senador Romário (PL-RJ) tem demonstrado um distanciamento significativo do ex-presidente Jair Bolsonaro desde a eleição de 2022, especialmente em meio à ofensiva do bolsonarismo contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Romário se destacou como o único senador do Partido Liberal (PL) a não apoiar os pedidos de impeachment de Moraes, desafiando assim a expectativa de seus colegas e acirrando a tensão com o entorno de Bolsonaro.
Romário e sua relação com o bolsonarismo
Nos últimos meses, a relação do senador com o bolsonarismo foi considerada “inviabilizada” por aliados próximos. Desde a nova composição do Senado, Romário se isolou das críticas direcionadas a Moraes, um ponto que gerou descontentamento por parte de pessoas ligadas ao ex-presidente. A falta de apoio de Romário aos pedidos de impeachment intensificou as cobranças seus colegas e a frustração entre os bolsonaristas.
A tensão aumentou de forma acentuada no primeiro turno das eleições de 2022, quando Bolsonaro expressou apoio à candidatura de Daniel Silveira (PTB) ao Senado, o que dificultou a reeleição de Romário. Embora o ex-jogador conquistasse 2,3 milhões de votos, o número foi inferior ao obtido na sua eleição anterior em 2014, quando conseguiu 4,5 milhões.
Segundo pessoas próximas a Romário, o senador nunca superou a atitude “dúbia” de Bolsonaro e, consequentemente, não deve interferir em ações que visem ao impeachment de Moraes. As redes sociais do senador foram inundadas com críticas e cobranças de seus seguidores, o que o levou a adotar uma postura mais reservada.
A pressão dos aliados e as redes sociais
Romário ficou especialmente irritado com os recentes ataques de bolsonaristas nas redes sociais. Desde que Bolsonaro foi colocado em prisão domiciliar, muitos comentários em suas publicações passaram a exigir um posicionamento de apoio ao impeachment de Moraes, e alguns seguidores chegaram a chamá-lo de “traidor”. Em resposta à pressão, Romário se manifestou nas redes sociais, afirmando que nunca deve “nada a ninguém” e que as invenções sobre sua pessoa não o afetarão. “Inventar mentiras sobre mim e ainda perturbar a minha família não vai me afetar. Estou bem, com saúde e tranquilo”, escreveu.
Cabe ressaltar que o senador tem priorizado temáticas que não envolvem o cenário político. Recentemente, ele tem utilizado suas redes sociais para compartilhar fotos e vídeos jogando futebol, o que sublinha sua intenção de se distanciar das controvérsias políticas que o cercam.
Pressões e provocações de aliados de Bolsonaro
Os pressões para que Romário respaldasse o impeachment foram vocalizadas por membros do círculo de Bolsonaro. O vereador Jair Renan, filho de Bolsonaro, indagou o senador se ele continuaria a “viver do gol de 94”, em referência ao famoso tetracampeonato mundial da seleção brasileira. Em uma entrevista de rádio, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) também instou o senador a assinar o pedido de impeachment para “marcar um gol de placa”.
A situação no Senado
Embora 41 dos 81 senadores já tenham demonstrado apoio a um pedido de impeachment contra Moraes, ainda assim, são necessários 54 votos para que o pedido seja efetivado. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), já deixou claro que, independentemente do número de assinaturas, não pautará a matéria.
Por fim, a postura de Romário em não se alinhar com os anseios do bolsonarismo pode indicar uma busca por autonomia em sua trajetória política, mesmo que isto signifique enfrentar as pressões de um dos maiores grupos políticos do país atualmente. O futuro político do ex-jogador revela-se polarizado e incerto, mas sua capacidade de manter um diálogo saudável com pessoas influentes do PL, como o governador do Rio, Cláudio Castro, e o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, pode ser seu trunfo ao navegar por essas águas turbulentas.