Separados por um detalhe estatístico, mas unidos na rivalidade, Cruzeiro e Atlético-MG aparecem em sétimo e oitavo lugares, respectivamente, no ranking geral de torcidas da pesquisa O GLOBO/Ipsos-Ipec. Ambos ostentam 2,3% da preferência nacional. A Raposa leva a vantagem por uma variação mínima na margem de erro, mas os dois clubes mineiros mostram trajetórias muito parecidas na maioria dos recortes.
A geografia dos torcedores
Um dos contrastes mais claros está na geografia. Enquanto o torcedor atleticano é mais concentrado na capital, Belo Horizonte, e em grandes centros, a presença do Atlético é maior que a do rival na periferia (6,6%) e em cidades com mais de 500 mil habitantes (1,8%). Em contraste, o cruzeirense predomina no interior de Minas Gerais, com 2,6% no interior e maior presença em municípios de até 500 mil habitantes (3,9%).
Ranking regional das torcidas
Nos rankings regionais, os dois clubes se destacam no Sudeste, onde aparecem em 5º lugar (Cruzeiro) e 6º lugar (Atlético). No entanto, ambos caem juntos nas demais regiões: apenas em 18º lugar no Sul e desaparecem do top 20 em boa parte do Nordeste e do Centro-Oeste/Norte. O Galo aparece discretamente na 20ª colocação do último recorte, enquanto o Cruzeiro nem figura entre os 20 primeiros.
Desempenho por perfil de torcedor
O desempenho também oscila de acordo com o perfil do torcedor. Entre homens, o Atlético leva a melhor, posicionando-se em 7º lugar contra o 10º lugar do Cruzeiro. Por outro lado, entre as mulheres, a vantagem é do Cruzeiro (7º contra 11º do Atlético). Os mais jovens tendem a preferir o Galo (9º contra 12º), enquanto os mais velhos mostram um equilíbrio nas preferências (8º e 9º). Quando se analisa as capitais em comparação ao interior, a diferença é ainda mais marcante: o Atlético se posiciona em 13º nas capitais contra 22º do Cruzeiro, que lidera no interior (7º contra 4º do Galo).
Classes sociais e a disputa
Na análise das classes sociais, há um empate técnico, mas com posições invertidas: o Atlético está à frente nas classes A/B (6º contra 8º do Cruzeiro), enquanto este último sobressai nas classes D/E (7º contra 10º do Galo). Entre torcedores que se declararam brancos, também há um empate técnico, com o Galo em 9º e a Raposa em 10º.
A importância da rivalidade
A pesquisa ressalta que a disputa mineira vai muito além do campo. Enquanto compartilham oscilações semelhantes no cenário nacional, Atlético e Cruzeiro mantêm perfis distintos de torcedores, o que alimenta ainda mais a rivalidade já histórica entre os clubes.
Dados e metodologia da pesquisa
A pesquisa foi realizada pela Ipsos-Ipec entre 5 e 9 de junho de 2025, com 2.000 entrevistados com 16 anos ou mais em 132 municípios brasileiros. Com um nível de confiança de 95%, a margem de erro estimada para o total da amostra é de 2,2 pontos percentuais. Importante notar que, em alguns recortes, a soma pode exceder 100% devido à consideração de dois times como preferência.
Com esses dados, a rivalidade entre os clubes de Minas Gerais continua a ser um campo fértil para discussão entre torcedores e especialistas, refletindo não só uma preferência esportiva, mas também as dinâmicas sociais e culturais das torcidas.