A Selic, atualmente em 15% ao ano — o maior patamar em quase duas décadas — tem impulsionado o aumento do número de investidores na renda fixa. No segundo trimestre de 2025, o número de investidores atingiu 100,2 milhões de CPFs, uma alta de 20% em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da B3.
Crescimento expressivo e preferência por aplicações seguras
Segundo a B3, esse avanço deve-se, em grande parte, às fintechs digitais, que popularizaram as “caixinhas” virtuais que rendem o CDI, acompanhando de perto a Selic. “A conta remunerada, a poupança moderna, oferece baixa risco, proteção do FGC e boa rentabilidade, democratizando o acesso ao investimento”, afirma Ulisses Nehmi, CEO da Sparta Investimentos.
O total de recursos aplicados nessas contas, incluindo contas correntes de bancos tradicionais e fintechs que aplicam automaticamente saldos parados, chegou a R$ 2,8 trilhões, um crescimento de 23% em doze meses. Este número reflete a preferência por investimentos de risco mínimo e alta liquidez, evidenciada pelo crescimento de quase 10 vezes desde 2021, quando havia 10,1 milhões de investidores.
Fatores que atraem novos investidores
Números demonstram que a facilidade de acesso e as vantagens fiscais, como a isenção de Imposto de Renda em títulos como LCIs e LCAs, são fatores decisivos para essa tendência. Pedro Padilha, diretor de alocação da Genial Investimentos, destaca que “a combinação de altas taxas, informações acessíveis e segurança impulsiona a preferência pela renda fixa”.
Além disso, o aumento na volatilidade do cenário macroeconômico, como a instabilidade internacional e o cenário político interno, conforme analisa Padilha, reforça a busca por aplicações mais seguras. Só em 2025, o número de investidores na renda fixa cresceu 9%, com um volume 17% maior do que o registrado no início do ano.
Expansão do Tesouro Direto e crescimento na Bolsa
O Tesouro Direto também registrou avanço: o número de investidores chegou a 3 milhões, um aumento de 14% na comparação com o segundo trimestre de 2024. O valor total aplicado na plataforma atingiu R$ 169,9 bilhões, alta de 24%, sendo que 73% dos recursos estão em títulos atrelados à inflação (IPCA+) e pós-fixados, como Tesouro Selic.
Paralelamente, a renda variável também mostra sinais de expansão. A Bolsa de Valores viu o número de investidores crescer 5%, totalizando 4,0 milhões, e o volume de aplicações subiu 11%, atingindo R$ 384,6 milhões em dezembro de 2024. Os fundos de índice (ETFs) tiveram crescimento de 10% no número de investidores, que passou de 581 mil para 638,3 mil, e o volume investido saltou quase 19%, para R$ 21,5 bilhões.
Outro destaque é a diversificação internacional, cujo estoque aumentou 31%, atingindo R$ 14,5 bilhões, apesar da leve queda de 1% no número de investidores no mercado externo local.
Perspectivas para o mercado de investimentos
Pedro Padilha acredita que o cenário atual favorece a intensificação da diversificação das carteiras, com maior acesso às informações e maior interesse em risco controlado. “Mesmo com o aumento no juro, o apetite por renda variável cresce devido à maior oferta de canais de informação e às estratégias de diversificação”, avalia.
O ambiente de juros elevados, aliado a instabilidades econômicas globais, tende a manter o movimento de atração por aplicações mais seguras, como CDBs, LCIs, Tesouro Direto e fundos imobiliários, que continuam sendo opções atrativas para investidores de diferentes perfis.
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