O poeta William Melo Soares, de 72 anos, foi encontrado morto na tarde de segunda-feira (11) em sua residência, no centro de Teresina. Acredita-se que o falecimento tenha ocorrido no último sábado (09/08). A informação foi confirmada pelo também poeta e escritor Salgado Maranhão, em mensagem emocionada de Whatsapp ao professor e escritor Wellington Soares.
Em sua homenagem, Salgado Maranhão destacou a conexão única de William com Teresina: “Nenhum de nós, nesse meio século de vida cultural teresinense, falou, bebeu, cantou a cidade amada quanto o poeta William Melo Soares. As ruas de Teresina e seus logradouros – os amigos de bares, das quebradas noturnas, os ‘qualquer um’ – foram exaustivamente laureados na sua poesia orgânica, arrancada da vida.”
O escritor e professor Wellington Soares lamentou a perda e lembrou outra recente baixa no cenário literário piauiense.
“A morte da poetisa Graça Vilhena. “Não bastava a Graça nesses dias, agora perdemos o Williams”, disse.

Legado do “Poetinha
Nascido em Alto Longá (PI) em 1953, William Melo Soares era conhecido carinhosamente como “Poetinha” e dedicou sua vida à divulgação da poesia, inclusive como coordenador do movimento “Livro nas Escolas”. Sua obra, marcada por linguagem coloquial e temática urbana, inclui títulos como:
– “Roendo os ossos do ofício” (1987)
– “Topada” (1992)
– “Congresso das águas” (1998)
A morte de William Soares repercutiu imediatamente nas redes sociais e no meio artístico do Piauí, onde era figura central.
Confira um dos poemas mais conhecidos de William Soares:
“Rua Abaixo Lua Acima
Caso você siga
rua abaixo
lua acima
percorra toda a cidade
entre becos e esquinas
procure um rastro de estrela
no céu de Teresina
Caso você siga
rio abaixo
lua acima
passe pelo cais do rio
de um vapor que evaporou
pro remanso de outras águas
deixando ondas no peito
do Mano Velho barqueiro
Caso você siga
lua acima
rio abaixo
no movimento das barcas
me envolva num abraço
só não toque no meu manto
de solidão e cansaço”
William Melo Soares
Da Redação