No início de 2023, notícias alarmantes começaram a circular pelas boates de Manhattan. Dois homens, William Duplessie e John Woeltz, começaram a frequentar os estabelecimentos de alto luxo, consumindo grandes quantidades de bebidas e se destacando por sua segurança, que incluía até dez guardas. No entanto, essa ostentação se transformou em horror quando um homem emergiu de um townhouse em Nova York, alegando que havia sido sequestrado e torturado por semanas para obter acesso à sua fortuna em criptomoedas. Esse acontecimento, o primeiro de seu tipo na cidade, levantou questões sobre a crescente violência no mundo das criptomoedas e o que isso significa para os investidores e a segurança no setor.
O apogeu do estilo de vida extravagante
Duplessie e Woeltz rapidamente se tornaram frequentadores assíduos de boates como Jean’s e The Box, onde frequentemente gastavam seis dígitos em uma única noite. O comportamento decadente, que incluía roupas camufladas e, em outras ocasiões, coletes à prova de balas, logo os transformou em figuras notórias no cenário noturno de Manhattan. Embora ambos se apresentassem como investidores de criptomoedas, vários promotores de boates não tinham ideia de quem eram.
O que começou como festas de exuberância azeda evoluiu para um pesadelo quando as investigações revelaram que estavam atrás de um público muito mais específico – e mais ameaçado: aqueles que seguravam grandes quantias de criptomoedas. Sua extravagância culminou em um apelo incontrolável ao crime, levando ao sequestro de Michael Carturan, um investidor de criptomoedas que foi torturado para entregar seus segredos de acesso à sua fortuna digital.
O início da tortura: do luxo à violência
Quando Carturan foi anunciado como um novo colaborador, ele logo se viu em um ambiente de abuso e tensão, longe de sua vida anterior de investidor respeitável. Seu envolvimento inicial parecia promissor, mas rapidamente se transformou em uma rotina aterrorizante. Ele foi tratado como um “interno”, forçado a participar de diversas atividades degradantes, incluindo atos de hazing mental e físico. Relatos apontam que ele foi mantido sob vigilância constante, cortando seus laços com o mundo externo, enquanto Duplessie e Woeltz esperavam extrair suas senhas de criptomoedas.
Além disso, Carturan foi submetido a várias humilhações durante as festas, muitas vezes usando fantasias estranhas e participando de jogos de beber que pareciam mais uma tortura do que uma celebração. Em um dos eventos, ele foi fotografado em condições absurdas, claramente sob pressão para agir de maneira “masculina”. Com o tempo, a situação escalou a um ponto de tortura física e psicológica, culminando em um ataque diretamente à sua segurança e bem-estar.
A escalada na espiral de violência
O advento do incidente culminante ocorreu em 22 de maio, durante o aniversário de Woeltz, em que o clima do townhouse se tornava cada vez mais hostil. Foi uma mescla de bebida e opressão que culminou em Woeltz agredindo fisicamente Carturan, enquanto Duplessie se encontrava ausente em outras festas. Naquela manhã, Carturan, em estado de pânico, conseguiu escapar da propriedade e procurou ajuda da polícia na esquina da Mulberry Street, iniciando a sequência de eventos que levaria à prisão dos dois homens.
As repercussões desse sequestro digital
Com a prisão de Duplessie e Woeltz, o caso não abordou apenas as brutalidades cometidas contra Carturan, mas também expôs a crescente vulnerabilidade e insegurança no mundo das criptomoedas. Até aquele momento, 33 sequestros relacionados a criptomoedas foram documentados globalmente naquele ano, indicando uma tendência preocupante para os prósperos investidores do setor. O ponto crítico apontado pelas autoridades é que, ao contrário de outros ativos, a criptomoeda pode ser facilmente contabilizada por aqueles que detêm a chave ou acesso digital. Isso significa que muitos dos que possuem riquezas significativas em ativos digitais devem agora reconsiderar suas práticas de segurança e até mesmo os locais que frequentam.
O caso serve como um alerta para todos os investidores, especialmente os novos na esfera das criptomoedas, sobre não apenas o potencial de ganhar dinheiro neste espaço, mas também os riscos glamurosos que podem chegar de forma rápida e violenta. O domínio da segurança deve ser uma prioridade a considerar assim que alguém decide entrar na era digital de investimentos financeiros.
As investigações continuam, e o resultado do processo judicial de Duplessie e Woeltz ainda está para ser determinado. Contudo, a história de Carturan é um lembrete sombrio do que pode acontecer quando o excesso se mistura com o crime em um mundo onde a digitalidade muitas vezes supera a realidade física.
Um apelo urgente à ação ressoa como muitos na indústria da criptomoeda começam a rever sua segurança, especialmente em um espaço onde a ostentação de riqueza pode rapidamente se transformar em um alvo para a violência e a exploração.