A presença sem precedentes de cinco quebra-gelos chineses no Ártico, próximo ao Alasca, está sendo monitorada de perto pelo exército e pela Guarda Costeira dos EUA. Esse fenômeno representa um aumento considerável na quantidade de embarcações adequadas para operações na região, em comparação com os recursos disponíveis para os Estados Unidos.
Aumento da pressão no Ártico
O número atual de quebra-gelos operacionais da Guarda Costeira dos EUA não se compara com os cinco navios de gelo que a China posicionou na área. As embarcações chinesas, conhecidas por sua capacidade de realizar pesquisas, estão sendo observadas pelo Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte (NORAD) e pelo Comando Norte dos EUA (NORTHCOM). Um porta-voz do NORTHCOM afirmou que a presença desses navios, embora em águas internacionais, representa um aumento em relação a anos anteriores.
Comando e monitoramento das embarcações
De acordo com as autoridades, os navios chineses, que incluem vários tipos de embarcações focadas em pesquisa, foram detectados em operações no Mar de Bering e no Mar de Chukchi. O monitoramento inclui voos de reconhecimento com aviões C-130J Hercules e a resposta de embarcações da Guarda Costeira americana, como o cortador Waesche, que patrulha a área do Círculo Ártico.
A Guarda Costeira dos EUA também observou uma tendência crescente na atividade de embarcações de pesquisa chinesas nos últimos anos, onde três navios já operaram na região ao norte do Estreito de Bering. Em um cenário de competição geopolítica, a atividade aumenta à medida que novas rotas de navegação se tornam viáveis devido ao derretimento do gelo, criando uma pressão por influência e recursos na rica área do Ártico.
Impacto estratégico da presença chinesa
Embora a China esteja a quase 2.000 milhas do Ártico, o país se declarou uma nação “quase ártica” em um artigo de 2018, expressando suas intenções de estreitar laços com a região por meio da iniciativa chamada “Rota Polar da Seda”. Essa declaração evidencia o desejo da China de utilizar rotas alternativas, como a do norte, na busca por soluções econômicas mais eficazes que agilizem o transporte de mercadorias.
O aumento das operações navais da China na região do Ártico reflete uma estratégia mais ampla por parte da Marinha do Exército de Libertação Popular (PLA) de expandir sua influência global. Reportagens anteriores documentaram a presença crescente de navios de guerra chineses no Alasca, tornando evidente que a situação no Ártico se torna cada vez mais tensa, com os EUA frequentemente em desvantagem no número de quebra-gelos operacionais quando comparados a seus rivais.
A resposta dos EUA e as próximas comissões
Atualmente, a Guarda Costeira dos EUA opera apenas dois quebra-gelos adequados para o Ártico, enquanto a Rússia e a China têm capacidades significativamente superiores. O Polar Star, um dos principais quebra-gelos americanos, está envelhecendo e a necessidade de modernização e expansão da frota é crítica. Um novo quebra-gelos, chamado Storis, está programado para ser comissionado, o que pode ajudar a melhorar a capacidade operacional dos EUA na região.
Com a formação do ICE Pact, uma colaboração entre EUA, Canadá e Finlândia, espera-se um impulso significativo na construção de novos quebra-gelos. Isso permitirá que os EUA não apenas aumentem sua presença no Ártico, mas também que participem de uma cooperação trilateral com aliados para enfrentar a crescente concorrência na região.
Preparativos para o exercício de prontidão no Ártico
O cenário no Ártico está em constante evolução, mostrando um aumento de recursos militares por parte da Rússia ao expandir suas bases aéreas na região. Os EUA também estão realizando exercícios anuais, como o Arctic Edge 2025, para melhorar a prontidão e a colaboração interagencial, utilizando as capacidades limitadas de quebra-gelos. No entanto, a capacidade atual dos EUA em responder rapidamente a qualquer situação crítica no Ártico é limitada e sublinha a necessidade de um investimento contínuo em recursos e infraestrutura adequados para assegurar a presença e a soberania na região.
À medida que a situação continua a se desenvolver, a vigilância constante e os novos esforços para revitalizar a presença naval dos EUA no Ártico se tornam uma prioridade estratégica mais crítica do que nunca.