O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (12) que mantém a intenção de testar a implementação de uma moeda própria para os países que integram o grupo Brics. Em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, da Band News, Lula destacou que está aberto à possibilidade e reforçou a importância do bloco na narrativa geopolítica.
Moeda própria e fortalecimento do Brics
Segundo Lula, a ideia de uma moeda do Brics é fundamental para diversificar fontes de negociação e reduzir a dependência do dólar. “Se testar e fracassar, eu estava errado. Mas eu acho que é preciso alguém me convencer que eu estou errado”, afirmou o presidente, defendendo o projeto como uma forma de fortalecer o bloco.
Ele relembrou o sucesso do agrupamento, que reúne 11 países, como uma representação do avanço do Sul global na cena internacional. Lula também comentou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, poderia estar “um pouco de ciúmes” com a participação brasileira na coalizão.
Política cambial e relacionamento com dólar
Ao falar sobre as relações comerciais, Lula declarou que não sabe se a taxação americana sobre produtos brasileiros tem relação direta com os Brics. Contudo, destacou a necessidade de reduzir a dependência do dólar, enquanto questiona a possibilidade de negociações em moedas locais.
“O dólar é uma moeda importante, mas podemos discutir nos Brics a necessidade de uma moeda de comércio entre nós”, afirmou Lula. Ele reforçou que o multilateralismo é o caminho para manter o equilíbrio nas negociações internacionais, evitando a predominância de uma única potência sobre as demais.
Perspectivas para o encontro na ONU
O presidente lembrou que abrirá, em 23 de setembro, a Assembleia Geral da ONU, onde dificilmente terá encontros com o ex-presidente Donald Trump. Lula afirmou que continuará a defender o multilateralismo, a soberania do Brasil e a questão ambiental durante a reunião.
Ele criticou o não cumprimento do Protocolo de Quioto e a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris. Lula também revelou que enviou uma carta convidando Trump para participar da Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP), mas ainda aguarda resposta.
Essa postura reafirma o posicionamento do Brasil na busca por uma maior protagonismo internacional e a implementação de iniciativas que promovam a autonomia econômica do Sul global.