Brasil, 18 de agosto de 2025
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Isabella Cêpa comenta processo de Erika Hilton e as controvérsias do feminismo

A influenciadora digital Isabella Cêpa discute as implicações de seu comentário sobre Erika Hilton em entrevista recente.

Em entrevista ao Contexto Metrópoles, nesta terça-feira (12/8), a influenciadora digital e ativista feminista Isabella Cêpa falou abertamente sobre o processo movido pela deputada federal Erika Hilton (PSol-SP) contra ela. O caso remonta a uma publicação feita por Isabella nas redes sociais em 2020, onde ela se referiu a Erika como “homem”. É importante notar que Erika Hilton é uma mulher trans, o que gerou polêmicas e debates sobre o lugar das mulheres trans dentro do feminismo.

A controvérsia das eleições de 2020

Na postagem, Isabella expressou sua decepção com os resultados das eleições de 2020, ressaltando que “candidatas verdadeiramente feministas não foram eleitas”, ao se referir a Erika em uma crítica que a identificava como homem. A ativista disse: “Decepcionada. Com as eleições dos vereadores, óbvio. A mulher mais votada é homem.”

Isabella defende uma perspectiva de feminismo materialista, que argumenta que as mulheres trans não compartilham das mesmas experiências de opressão que as mulheres cisgêneras. Essa visão crítica coloca em pauta se a inclusão de mulheres trans na luta feminista poderia diluir o foco do movimento, gerando discussões acaloradas sobre identidade e opressão no contexto social.

“Dentro do meio do feminismo materialista a ideia de que um homem pode se identificar com aquilo que para nós é uma ferramenta de opressão — que é o gênero feminino — não tem sentido algum”, afirmou Isabella, reforçando suas crenças em suas redes sociais.

Sobre a violência das palavras e a liberdade de expressão

Após o surgimento da polêmica, Isabella foi questionada sobre a suposta violência de seu comentário. Para ela, afirmar a verdade sobre como ela percebe a questão de gênero não deveria ser considerado violento. “Tento entender porque seria violento eu dizer a verdade. É algo que não entra na minha cabeça”, declarou.

A influenciadora também pontuou a pressão que mulheres enfrentam para serem “educadas” e “boazinhas” em relação ao debate sobre gênero. “O que custa só você ser educada, você ser boazinha? Bom, olha o que me custa não fazer”, ponderou, refletindo sobre as consequências de seu posicionamento.

Atualmente, Isabella vive em asilo político em um país da Europa, resultado das repercussões que seu comentário desencadeou e da polarização em torno do tema.

O desdobramento jurídico do caso

A publicação de Isabella sobre as eleições resultou na denúncia do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Contudo, o órgão decidiu pelo arquivamento da investigação, alegando que a postagem não configura crime. A deputada Erika Hilton recorreu, mas a Justiça Federal concordou com o arquivamento.

Continua a batalha no Supremo Tribunal Federal (STF), onde Hilton apresentou uma Reclamação, alegando que o arquivamento vai contra a decisão de 2019 que equipara a transfobia ao crime de racismo. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, argumentou que a Reclamação não cabe, já que a decisão da Justiça Federal não contraria a jurisprudência do STF.

Posicionamento de Erika Hilton

Em uma declaração ao Metrópoles, Erika ressaltou que a manifestação do procurador é apenas uma parte do processo, não uma decisão final. “Nossa ação e luta são contra a violência transfóbica. Vamos seguir em frente, já que foram adotados os mecanismos corretos para que a decisão do Supremo seja respeitada”, enfatizou Hilton.

Ao final, Erika pediu uma análise cuidadosa das afirmações feitas por Isabella e da forma como a liberdade de expressão deve ser compreendida em relação à violência contra as mulheres trans. “Liberdade de expressão, como diz o próprio ministro Alexandre de Moraes, não é liberdade de agressão”, completou.

Essa história, que toca nos fundamentos da identidade, do feminismo e da liberdade de expressão, continua a se desenrolar, evidenciando a complexidade do diálogo entre diferentes segmentos do movimento feminista.

Colaborou Madu Toledo.

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