Brasil, 12 de agosto de 2025
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Irmã Giovanna e a construção de uma Igreja autóctone na Amazônia

No coração da Amazônia peruana, missionária promove uma Igreja indígena autóctone respeitando a cultura e espiritualidade local.

No coração da selva de Cusco, no Peru, a Irmã Giovanna Llerena Alfaro, missionária dominicana do Rosário, caminha junto com as comunidades indígenas do Bajo Urubamba, promovendo uma Igreja indígena autóctone com uma pregação que nasce da contemplação. A Amazônia peruana é um vasto território caracterizado por sua imensa biodiversidade, comunidades indígenas e um rico patrimônio cultural. Nesse contexto, a missão de viver e anunciar o Evangelho adquire um valor especial, pois requer escuta, contemplação e respeito pela presença de Deus em todas as coisas.

Um apelo de caridade na selva

Há sete anos, a Irmã Giovanna Llerena Alfaro teve a graça de morar em um canto da floresta de Cusco, num ambiente privilegiado que lhe permite continuar a missão dos primeiros missionários que chegaram a essas terras. Ela relata: “Três irmãs missionárias dominicanas do Rosário e dois frades dominicanos partilhamos a nossa vocação. Estamos empenhados na missão de acompanhar as populações indígenas do Bajo Urubamba, promovendo uma Igreja autóctone com um rosto amazônico, através da formação de agentes pastorais nas diferentes comunidades que visitamos”.

A palavra de Giovanna ressoa com a importância de “tirar os sapatos, porque o lugar que pisas é sagrado”. Ela acrescenta que é significativo remover os “sapatos das ideias, das estruturas mentais, dos protagonismos” para reconhecer a sacralidade do espaço em que atuam, um lugar de encontro, interconexão, riqueza cultural e espiritual; um lugar cheio de Deus.

A vocação que nasce do coração

A profunda convicção que leva a Irmã Giovanna a dedicar sua vida na floresta peruana é como uma extensão de seu ser e do carisma da sua congregação. “Sinto que está no meu DNA congregacional, a minha vocação missionária é completada pelo carisma da minha congregação, que é a evangelização nos lugares onde a Igreja mais precisa de nós. E, neste momento, acredito que a Igreja precisa de nós na Amazônia”, declara.

Desde jovem, Giovanna tinha claro o desejo de ser missionária na selva. Em 2017, começou seu serviço como parteira em um hospital na região, marcando o início da presença da sua congregação na Amazônia peruana. “Em 2018, a procura se concretizou e formou-se a primeira comunidade dominicana mista e itinerante no Bajo Urubamba”, explica.

Amor e serviço às comunidades indígenas

A missão de Irmã Giovanna a leva a acompanhar 26 comunidades pertencentes a quatro etnias: Matsigenkas, Asháninkas, Kakintes e Nantis. Para chegar a essas aldeias, ela e sua comunidade navegam por horas em rios impetuosos, levando não apenas a palavra de Deus, mas também a esperança aonde parece que o tempo parou.

Desde os primeiros missionários que chegaram a estas terras, a amizade e a proximidade ajudaram a construir os alicerces do trabalho, que hoje continua com a Irmã Giovanna e sua família religiosa formando agentes pastorais. Isso resulta em uma Igreja autóctone, enraizada na cultura e nos costumes dessas comunidades.

Nas estações missionárias de Kirigueti e Timpía, que são geridas pela religiosa, residências para estudantes das diferentes comunidades nativas foram estabelecidas. Nesses locais, os jovens completam seus estudos secundários, um passo crucial diante da falta desse nível de ensino em suas aldeias. Mais que um espaço para a formação acadêmica, essas residências são locais de crescimento integral, onde Giovanna e sua comunidade trabalham para que os jovens se tornem futuros líderes capazes de transformar suas comunidades na fé e no compromisso.

Testemunhas de um apelo silencioso

Desde a primeira visita a Kirigueti, em 2018, a religiosa atendeu a um apelo silencioso das comunidades por presença e acompanhamento. Durante esses anos, a comunidade passou por transformações profundas, fruto de um processo de formação e construção de confiança. Irmã Giovanna acrescenta que, na sua missão, “os agentes pastorais têm mais elementos e instrumentos para defender os seus direitos e sua posição em relação às empresas extrativas presentes no território”. Os laços de amizade e proximidade, semeados em tempos de silêncio e espera, floriram numa Igreja indígena que se reconhece como parte integrante do território e da sua cultura.

A missão da Irmã Giovanna não é apenas um ato de amor e serviço, mas uma resposta ao chamado de Deus que ressoa nas florestas da Amazônia, garantindo que vozes das comunidades indígenas sejam ouvidas e respeitadas.

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