Brasil, 12 de agosto de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Importação de fertilizantes atinge recorde em julho e acende alerta no Brasil

Brasil importou 4,79 milhões de toneladas de fertilizantes em julho, o maior volume do ano, devido às tensões comerciais e conflitos internacionais

De acordo com um relatório da consultoria Datagro, baseado em dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Brasil atingiu em julho o maior volume de fertilizantes importados em um único mês, totalizando 4,79 milhões de toneladas. O resultado representa um aumento de 15,6% em relação a junho e 7,1% na comparação com o mesmo mês de 2024, configurando um novo recorde histórico para o mês de julho.

Incremento nas compras e fatores de influência

O crescimento acentuado nas importações ocorre no contexto de um acumulado de 24,2 milhões de toneladas de fertilizantes em 2025, o que já supera em 8,8% o volume registrado no mesmo período de 2024, indicando o maior movimento até então. A razão principal, conforme a Datagro, é a antecipação das compras por parte dos produtores brasileiros, que buscam garantir o suprimento diante da guerra tarifária imposta pelos Estados Unidos contra países que mantêm relação comercial com a Rússia.

Segundo a consultoria, a crescente tensão na guerra tarifária — e as ameaças de tarifas de até 100% sobre exportações russas caso a Rússia e a Ucrânia não cheguem a um acordo de paz — levaram produtores brasileiros a adquirirem mais fertilizantes antecipadamente para evitar riscos de interrupções no abastecimento. “A possibilidade de novas tarifas americanas sobre países que mantêm relações comerciais com a Rússia, como o Brasil, aumentou o risco de interrupções no abastecimento e pressionou as cotações internacionais dos principais fertilizantes”, explica a Datagro.

Principais fornecedores e cenário internacional

Entre janeiro e julho de 2025, a Rússia permaneceu como maior fornecedora de fertilizantes ao Brasil, com 6,88 milhões de toneladas embarcadas, o que representa 28,2% do total, uma alta de 18% em relação ao mesmo período de 2024. A China ficou na vice-liderança, com 5,14 milhões de toneladas, crescimento de 75,7% na comparação anual. O Canadá, por sua vez, enviou 3,1 milhões de toneladas, uma redução de 2,2% na mesma base de comparação.

O aumento nas compras internacionais é também reflexo do cenário de tensões no mercado global, agravado pelo conflito no Oriente Médio, entre Israel e Irã, e pela escalada da guerra tarifária conduzida pelos Estados Unidos, que elevou a insegurança e os custos de importação de fertilizantes para o Brasil.

Impacto nos preços e na economia brasileira

O preço médio do CIF de compostos NP atingiu US$ 570,87 por tonelada em julho, uma alta de 13,2% em relação a junho e 15,9% frente ao mesmo período do ano passado, evidenciando o viés altista no mercado de fertilizantes. Segundo a Datagro, esse cenário é resultante de restrições de oferta na China e na Rússia, além das sanções e tarifas crescentes praticadas por diversos países.

O aumento nas importações também se reflete no valor gasto pelo Brasil, que, no acumulado do ano, atingiu US$ 8,8 bilhões em compras de fertilizantes, um acréscimo de 16% na comparação com 2024. Essas aquisições representam 5,2% do total das importações brasileiras no período, ante 4,9% há um ano.

O porto de Paranaguá, no Paraná, foi o principal ponto de entrada, com 6,34 milhões de toneladas, seguido por Santos, no São Paulo, com 3,91 milhões, e Rio Grande, no Rio Grande do Sul, com 3,86 milhões.

Perspectivas futuras e desafios

Para o segundo semestre, a expectativa é de que as compras de fertilizantes permaneçam elevadas, com uma tendência de recordes tanto em volume quanto em valor. A sazonalidade costuma impulsionar as importações nesta época, mantendo os preços em patamares elevados — o que pode pressionar ainda mais os custos dos agricultores.

Especialistas alertam que a relação de troca para os produtores pode se deteriorar, especialmente se os preços das commodities também aumentarem. Ainda assim, a maioria dos agricultores tende a manter as aquisições, considerando que a perda de produtividade por falta de fertilizantes tem impacto mais severo do que o aumento de custos.

Com o cenário de sanções e aumentos tarifários, o mercado de fertilizantes no Brasil deve continuar vulnerável a oscilações internacionais, exigindo atenção redobrada por parte dos produtores e do governo para garantir o abastecimento e o equilíbrio econômico.

Mais detalhes sobre o impacto da guerra comercial e as estratégias adotadas pelo Brasil podem ser acompanhados na matéria completa.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes