A Honda já se prepara para um cenário de tarifas americanas mais duradouras, mesmo considerando um impacto menor em relação a outras montadoras japonesas. Em entrevista ao GLOBO, Hideto Yamasaki, presidente e CEO da Honda Aircraft Company, destacou que a estrutura de produção na América do Norte, com 70% concentrada nos Estados Unidos, ajuda a mitigar os efeitos das tarifas.
Impacto das tarifas na produção e vendas da Honda
Yamasaki explicou que, embora o mercado americano seja afetado, a dependência do fornecimento de componentes provenientes do Canadá, México e Estados Unidos minimiza o impacto. “Os Estados Unidos respondem por cerca de 70% do fornecimento, então somos menos impactados”, afirmou. A Honda estaria em uma posição mais favorável do que outras montadoras japonesas, como Subaru e Mazda, além de estar em vantagem frente à americana General Motors, que depende de fornecedores de diversas regiões.
Ele acrescentou que uma estratégia de longo prazo da Honda será ampliar a produção nos EUA, incluindo componentes menores, para reduzir a vulnerabilidade às tarifas. No segmento de aviação, por exemplo, o impacto já elevou os custos materiais entre 6% e 8%, segundo Amod Kelkar, diretor comercial da Honda Aircraft.
Desafios e estratégias diante do USMCA
Yamasaki detalhou que algumas peças ainda são importadas de outros países, e há componentes que atravessam fronteiras várias vezes, como do México para os EUA e de volta ao México. Essa dinâmica torna o cumprimento das regras do USMCA, acordo comercial entre Estados Unidos, México e Canadá, mais complexo.
“Uma maior concentração de produção nos EUA será uma estratégia de longo prazo, mas precisamos tomar decisões estratégicas hoje, como repassar custos ou dividir com fornecedores. Estas decisões terão impacto duradouro, que pode recair sobre o consumidor americano”, analisou.
Impactos nas aeronaves e novidades do setor
No setor aeronáutico, os custos adicionais das tarifas impactaram entre 6% e 8% no preço dos materiais, mas algumas condições recentes, como a isenção de produtos aeroespaciais por parte do governo americano para países como a Europa, ajudaram a aliviar o impacto. Segundo Kelkar, inicialmente, as tarifas pareciam ameaçar significativamente a operação, mas essas concessões reduziram esse efeito.
Na Labace, maior feira de aviação executiva da América Latina, a Honda destacou o HondaJet Elite II, com tecnologia de piloto automático e pousos automáticos em emergência, além de um sistema que aumenta a pressão durante o pouso para menores distâncias de parada. Anderson Markiewicz, da Líder Aviação, comentou que o procedimento autônomo de pouso pode ser acionado por qualquer passageiro em caso de problemas.
Novos voos e inovação no setor aeronáutico
Outro destaque foi o HondaJet Echelon, considerado o jato leve com maior alcance do mundo, atingindo 4.862 km, com previsão de certificação para 2029. Kelkar anunciou que o projeto está quase completo, com testes de voo previstos para o próximo ano.
Além disso, a Honda revela planos para o desenvolvimento de um eVTOL híbrido, que permitirá maior eficiência e maior alcance — uma estratégia diferente das concorrentes, como a Eve, da Embraer. Ainda não há uma data oficial para o lançamento dessa aeronave.
Segundo Kelkar, a opção por um sistema híbrido é motivada pela relação peso-potência, que ainda não favorece que um eVTOL seja totalmente elétrico. A expectativa é que esses avanços posicionem a Honda como uma das líderes no setor de aviação de alta tecnologia, mesmo diante dos atuais desafios comerciais.
Para mais detalhes, acesse o fonte original.