O governo federal anunciou nesta segunda-feira (12) o cancelamento de uma reunião por vídeo entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. A conversa, que seria realizada na quarta-feira, foi desmarcada por decisão dos americanos, após Haddad atribuir o cancelamento à atuação de “forças de extrema direita” que mantêm interlocução com a Casa Branca.
Cancelamento do encontro e tensões diplomáticas
De acordo com Haddad, a interrupção ocorreu após a militância antidiplomática de grupos de extrema direita que atuam junto à Casa Branca terem tomado conhecimento de sua fala sobre a reunião. “Agiram junto a alguns assessores, e a reunião virtual foi desmarcada”, afirmou Haddad, em entrevista à GloboNews.
Segundo o ministro, o governo brasileiro tentava retomar o diálogo após o presidente Lula orientar Haddad a buscar uma conversa com Scott Bessent, que havia se encontrado com o ministro em maio, antes do anúncio do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros. Um link para uma possível conversa chegou a ser enviado pelo Departamento do Tesouro, mas foi posteriormente cancelado.
Consequências para a resposta ao tarifaço
Haddad reforçou que a ausência de canais de diálogo compromete as ações do governo para auxiliar as empresas afetadas pela sobretaxa. “Estamos finalizando um plano de socorro a esses setores, com reformas estruturais em fundos que financiam exportações”, detalhou o ministro. Além disso, destacou que a medida provisória (MP) que prepara o pacote de auxílio incluirá linhas de crédito, facilidades no pagamento de impostos e ações de manutenção do emprego.
Implicações diplomáticas e internas
Haddad criticou a postura de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que, após se manifestar publicamente contra contatos entre os governos, foi responsabilizado por interferências que contribuíram para o cancelamento da reunião. “Ele afirmou que buscaria inibir qualquer diálogo, e logo depois aconteceu o episódio do cancelamento. Não há coincidência nisso”, afirmou.
O ministro também comentou sobre a possibilidade de Lula conversar por telefone com o presidente da China, Xi Jinping, como uma estratégia para fortalecer alianças diante do impasse com os EUA. O telefonema, que pode ocorrer ainda nesta semana, visa discutir a conjuntura comercial e formas de ampliar a atuação brasileira em outros mercados.
Reações e perspectivas
Especialistas avaliam que o cancelamento da reunião reflete a complexidade das relações diplomáticas atuais do Brasil. “Sem diálogo direto com o governo Trump, o Brasil enfrenta dificuldades para negociar a questão tarifária e buscar alternativas para proteger suas exportações”, afirma Galípolo, analista de economia.
O governo continua a insistir na necessidade de uma resposta coordenada e rápida, com o executivo preparando uma versão da MP que será divulgada em breve, visando atender setores como a pesca, indústria de máquinas e metais, e empresas de alimentos que enfrentam dificuldades devido às altas tarifas.
Para mais detalhes, o leitor pode acessar a reportagem completa no publicado pelo Globo.