O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua fazendo ajustes no plano de contingência ao tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos. Embora não haja uma data definida, a expectativa é de que o pacote emergencial seja anunciado ainda nesta semana.
Medidas do plano de contingência contra as tarifas americanas
Depois de uma reunião de cerca de duas horas no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira (11/8), a equipe de Lula trabalha na análise detalhada de cada item da proposta. A intenção do governo é apresentar um plano consistente para enfrentar as tarifas unilaterais de Donald Trump, embora o teor da medida provisória (MP) ainda não esteja completamente definido.
Linhas de crédito, reformas e proteção às exportações
Conforme adiantado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a MP deverá envolver três frentes principais: linhas de crédito específicas para empresas afetadas, reforma do Fundo de Garantia à Exportação (FGE) e autorização para compras governamentais de produtos perecíveis.
“A medida provisória terá que ter flexibilidade, pois não conseguiremos encaixar todas as realidades em um único modelo”, afirmou Haddad durante entrevista ao programa Estúdio I, da GloboNews.
Ele também reforçou que a proposta será alinhada à meta fiscal deste ano, que prevê resultado primário de déficit zero, embora ainda não tenha sido divulgada a cifra destinada ao apoio às empresas nacionais.
Além disso, o governo busca reforçar o Fundo de Garantia à Exportação com reformas estruturais, a fim de facilitar o acesso de empresas brasileiras ao mercado internacional.
Proteção às exportações e impacto das tarifas nos EUA
Segundo o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, estima-se que 36% das exportações brasileiras aos EUA serão sobretaxadas em 50%, devido às sanções comerciais impostas por Donald Trump, parte de uma política protecionista que também atinge União Europeia, China e Índia.
“As sanções fazem parte de uma estratégia de proteção comercial adotada pelos EUA”, explicou Alckmin.
Inicialmente, a imposição dessas tarifas unilaterais deveria ocorrer em 1º de agosto, mas o prazo foi antecipado para 6 de agosto, após assinatura de ordem executiva por Trump. A medida incluiu uma sobretaxa de 50% na entrada de diversos produtos brasileiros, embora cerca de 700 itens tenham sido isentados, entre eles petróleo, aeronaves, castanhas e suco de laranja.
Contexto comercial e relações diplomáticas
Em 2024, o Brasil importou US$ 40,6 bilhões em produtos norte-americanos e exportou US$ 40,4 bilhões, resultando em um déficit de US$ 200 milhões, valor considerado insuficiente para justificar tarifas extras, na avaliação do governo brasileiro. Assim, a medida tem sido vista como desproporcional à relação comercial bilateral.
Para reforçar o diálogo, o governo Lula tenta manter canais abertos com autoridades dos EUA, embora o secretário do Tesouro, Scott Bessent, tenha cancelado uma reunião virtual com o ministro Fernando Haddad, gerando críticas e suspeitas de articulações feitas por aliados de Eduardo Bolsonaro, que tenta impedir negoci pões bilaterais.
Nesta segunda-feira, Haddad afirmou que a gestão Trump cancelou o encontro e destacou que há esforços para ampliar o contato com os EUA, a fim de reduzir a lista de produtos afetados pelo tarifaço.