Brasil, 12 de agosto de 2025
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Deputados destinam R$ 13,5 milhões a clubes de futebol nos últimos três anos

Levantamento revela que parlamentares brasileiros priorizam times de futebol em seus repasses, enquanto urgências sociais permanecem negligenciadas.

Um levantamento realizado pelo jornal O Globo revelou que deputados e senadores destinaram ao menos R$ 13,5 milhões a times de futebol nos últimos três anos. Os repasses aumentaram em 2024, somando R$ 10,5 milhões, coincidentemente após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter endurecido o cerco às emendas destinadas a Organizações Não Governamentais (ONGs) e prefeituras aliadas. Ao todo, 31 clubes foram beneficiados com verbas indicadas por parlamentares, incluindo equipes que atuam nas séries C e D do Campeonato Brasileiro.

O impacto das emendas nos clubes brasileiros

Entre os clubes que receberam recursos, o que possui maior projeção nacional é o CSA, de Alagoas, atualmente na nona colocação da Série C do Campeonato Brasileiro. Também figura na lista o Operário, do Mato Grosso do Sul, que, embora tenha disputado a Série D este ano, não conseguiu passar da primeira fase. O envolvimento de políticos em iniciativas esportivas demonstra uma relação muitas vezes pessoal e simbólica com as instituições.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), torcedor do CSA, estava entre os 17 mil presentes no estádio Rei Pelé, em Maceió, quando o clube conquistou o título de campeão brasileiro da Série C em 2017. Em um gesto que vai além das arquibancadas, o parlamentar decidiu ajudar seu time do coração em momentos difíceis, destinando R$ 1 milhão em emendas que, segundo ele, visavam apoiar o clube.

Justificativa das destinações e controvérsias

As emendas geralmente são justificadas por serem vinculadas a projetos sociais, como a formação de categorias de base que proporcionam prática esportiva a crianças e adolescentes. No entanto, há casos em que a verba foi utilizada para custear o time profissional. No caso do CSA, por exemplo, uma parte dos recursos enviados custeou a folha de pagamento, incluindo profissionais como fisioterapeutas e treinadores, além da equipe de atletas.

A presidente do CSA, Mirian Monte, enfatizou a importância deste recurso para a manutenção do clube, afirmando que a emenda foi fundamental para a sobrevivência da base. “Com esse recurso, conseguimos fazer a base funcionar”, disse a dirigente, que defende a transparência na utilização das verbas.

A questão do uso indevido das emendas

O Ministério do Esporte alertou que, se for comprovado o uso inadequado dos recursos, os clubes ficarão responsáveis pela devolução do montante. “Todos os termos mencionados são oriundos de emenda parlamentar, portanto, de execução obrigatória. E tanto sua destinação quanto o objeto da execução também são de indicação dos parlamentares”, afirmou a pasta em nota.

O envio de emendas para apoiar clubes de futebol em meio a graves questões sociais, como a precariedade do saneamento básico em Maceió, levanta críticas sobre a prioridade dos parlamentares. A cidade figura entre as 20 com os piores índices de saneamento do Brasil, um desafio que ainda carece de soluções efetivas.

Emendas para outros clubes e o cenário político

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) também destinou recursos ao Operário Futebol Clube, confirmando o investimento no time em um evento com ex-jogadores. Em abril, anunciou uma emenda de R$ 1,5 milhão, com R$ 1 milhão voltados para o time feminino. “O futebol feminino precisa e merece mais visibilidade, estrutura e valorização”, destacou a senadora, ressaltando a importância de apoiar o esporte em geral.

O Ideal Futebol Clube, de Ipatinga (MG), é o clube que mais recebeu emendas, somando R$ 2,5 milhões. O ex-ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG) e a deputada Rosângela Reis (PL-MG) foram responsáveis por enviar emendas significativas ao clube, que, segundo eles, têm a intenção de promover atividades esportivas voltadas para a comunidade.

Apesar do panorama positivo em relação aos investimentos nos clubes, as criticas continuam a ecoar sobre a falta de atenção a questões sociais que afetam diretamente os cidadãos. A disparidade entre a quantidade de recursos destinados ao futebol e as necessidades da população traz à tona uma discussão necessária sobre prioridades no uso do dinheiro público.

Conclusão

Os investimentos de emendas parlamentares em clubes de futebol revelam um comportamento que mistura política e paixão esportiva, mas também levantam questões sobre a real intenção por trás desses repasses. À medida que o cenário social brasileiro apresenta desafios urgentes, a prioridade dada a projetos esportivos deve ser reavaliada, analisando a eficácia e os impactos que essas escolhas têm na vida da população.

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