Brasil, 12 de agosto de 2025
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China mira expansão nas compras de produtos brasileiros em meio a tarifão dos EUA

A China, maior parceira comercial do Brasil em 2024, busca ampliar exportações brasileiras, incluindo produtos manufaturados, apesar do tarifão dos EUA

A China, que registrou um volume de negócios de US$ 188,17 bilhões com o Brasil em 2024, demonstra interesse em aumentar a compra de produtos brasileiros, respondendo ao tarifão imposto pelos Estados Unidos. Especialistas avaliam que há potencial para ampliar a relação comercial, incluindo itens de maior valor agregado, embora o movimento não seja imediato.

Intensificação do relacionamento comercial com a China

Larissa Wachholz, coordenadora do Programa Ásia e do Grupo de Análise da China no Cebri, explica que a estratégia chinesa acompanha uma visão de longo prazo, baseada na racionalidade de mercado. “Por trás desse movimento sempre há uma visão de longo prazo, e não uma ação circunstancial”, afirma ela.

Expansão do consumo de produtos brasileiros na China

O café é um exemplo do aumento do interesse chinês, já que hábitos de consumo estão sendo transformados e cafés em bairros de grandes cidades têm se multiplicado. Segundo Wachholz, os chineses estão criando o hábito pela bebida, embora o chá ainda predomine. No primeiro semestre, as vendas do grão brasileiro cresceram mais de 100%, de US$ 90 milhões para quase US$ 200 milhões.

Potencial de crescimento em outros setores

Renato Ribeiro, pesquisador de café do Cepea, destaca que há chances de o Brasil intensificar as exportações de café para a Europa, de forma mais rápida do que para a China. “Com tarifas de 50% sobre o grão brasileiro, países da Colômbia e de outros países da América Central tendem a ganhar mercado nos EUA, o que pode abrir espaço para o Brasil na Europa”, explica Ribeiro.

Oportunidades na soja e na indústria naval

O Brasil é o maior fornecedor de soja para a China, devido ao crescimento esperado na renda e no consumo de carne de porco. Roberto Dumas, professor do Insper, avalia que a demanda por soja continuará forte, especialmente para a produção de biodiesel, com potencial de expansão no setor naval e de aviação, que busca alternativas de descarbonização.

Além disso, especialistas veem possibilidades na venda de produtos industriais para a China, como peças de aeronaves da Embraer, uma vez que tais itens ficaram livre do tarifão de 50% para entrada na China, pagando apenas 10% para os EUA.

Desafios e perspectivas futuras

Célio Hirakuta, economista da Unicamp, alerta que a concorrência de países asiáticos na exportação de manufaturados é intensa, pois muitos desses mercados já possuem empresas estabelecidas na China. “Abrir novos mercados para manufaturados é mais complexo, exigindo logística, entendimento das especificações técnicas e construção de uma base de clientes”, afirma.

Contudo, a tentativa de diversificação de produtos pode fortalecer a presença brasileira na China, especialmente em setores como o de carnes, que já atingiu recorde nas exportações. Em julho, o Brasil vendeu 276,88 mil toneladas de carne bovina à China, superando o record de outubro de 2024, de 270,24 mil toneladas. No acumulado de 2024, foram exportadas 1,33 milhão de toneladas, com receita de US$ 6 bilhões, segundo a Abiec.

Com o aumento da renda no país asiático, as oportunidades de crescimento para o Brasil permanecem e estrelas como o setor de carnes e commodities aparecem com destaque, mesmo diante dos obstáculos impostos pelos tarifões americanos.

Fonte: O Globo

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