A tuberculose, uma doença contagiosa que afeta principalmente os pulmões, continua sendo uma preocupação nas comunidades que abrigam imigrantes. Em Teresina, entre setembro de 2024 e agosto de 2025, foram registrados oito casos da doença nos abrigos que acolhem venezuelanos. O dado foi divulgado pela Fundação Municipal de Saúde (FMS), que monitora a saúde pública na capital piauiense.
Casos registrados e cuidados de saúde
A infectologista Amparo Salmito informou que dos oito casos identificados, quatro foram de adultos e quatro de crianças. Atualmente, um dos pacientes está recebendo tratamento e acompanhamento das equipes competentes da FMS. A médica ressaltou a importância do atendimento precoce e a realização de exames, já que no início deste ano, a fundação havia feito um levantamento e constatou que desde 2020 ocorreram 19 casos de tuberculose nos abrigos.
“Os médicos da Saúde da Família que atendem diariamente solicitam os exames necessários. Realizamos radiografias do tórax e testes para tuberculose em todos os pacientes para estabelecer o diagnóstico e iniciar o tratamento o quanto antes”, explicou Amparo.
Os abrigos que recebem esses imigrantes estão localizados nas diferentes zonas de Teresina: Buenos Aires e Poti Velho na Zona Norte, São João na Zona Leste e um na avenida Miguel Rosa na Zona Sul. A FMS tem trabalhado continuamente para garantir a saúde dos moradores dessas instituições.
Iniciativas de saúde nos abrigos
No abrigo localizado em Poti Velho, a FMS organizou, em junho, um evento que incluiu a aplicação de 141 doses de vacinas, atendimentos odontológicos e de enfermagem, além de um mutirão de limpeza. Esse tipo de iniciativa faz parte do esforço contínuo para promover a saúde e o bem-estar dos imigrantes que enfrentam uma série de dificuldades após a chegada ao Brasil.
A chegada dos Warao em Teresina
A chegada dos imigrantes venezuelanos a Teresina começou em março de 2019, com aproximadamente 50 pessoas, incluindo indígenas da etnia Warao. Eles fugiram da grave crise econômica que assola a Venezuela, que deixou muitas famílias sem emprego e passando fome. A trajetória desse grupo começou em 2017, quando eles vivenciaram um longo percurso que os levou por várias cidades, incluindo uma estadia em Belém, no Pará, antes de chegarem ao Piauí.
Antes de se estabelecerem em Teresina, a maioria dos venezuelanos trabalhava com pesca e agricultura em Tucupita, na região Leste do país. Desde a sua chegada, a Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social (Semcaspi) tem colaborado com a Associação Beneficente São Paulo Apóstolo (Abespa) para proporcionar acolhimento e assistência aos imigrantes. Desde novembro de 2022, a secretaria assumiu diretamente a responsabilidade pelo atendimento da população refugiada.
Desafios enfrentados pelos imigrantes
Os desafios enfrentados por esses imigrantes vão além da saúde. A integração deles em uma nova sociedade, a busca por emprego e a adaptação cultural são aspectos que se tornam fundamentais para a reconstrução de suas vidas. A FMS, junto com outras instituições, busca promover não apenas a saúde, mas também a inclusão social desses indivíduos.
Em meio a esses esforços, as autoridades alertam sobre a importância da vacinação, do acesso a cuidados de saúde adequados e da conscientização sobre doenças contagiosas, como a tuberculose, que representa um risco, especialmente em ambientes com alta concentração de pessoas, como os abrigos.
O combate à tuberculose é um esforço que deve ser contínuo e colaborativo, envolvendo poder público, sociedade civil e as próprias comunidades afetadas. O objetivo é garantir que os imigrantes receba a atenção necessária para proteger sua saúde e bem-estar, facilitando assim um ambiente mais seguro e saudável para todos.
