O jornalista Anas al-Sharif, de 28 anos, morreu em um ataque aéreo direcionado de Israel na cidade de Gaza, no domingo, 11 de agosto de 2025. Antes de sua morte, ele preparou uma mensagem póstuma em que expressou coragem e comprometimento com a verdade.
A última mensagem de Anas al-Sharif
Na mensagem compartilhada no mesmo dia do ataque, ele escreveu: “Esta é minha vontade e minha última mensagem. Se estas palavras chegarem até você, saiba que Israel conseguiu me matar e silenciar minha voz.”
“Vivi momentos de dor em todos os detalhes, saboreei sofrimento e perda inúmeras vezes, mas nunca hesitei em transmitir a verdade como ela é, sem distorção ou falsificação”, afirmou.
Ele pediu que as pessoas não esquecessem Gaza e rezassem por seu perdão e aceitação: “Não esqueçam Gaza… E não me esqueçam em suas sinceras orações.”
Contexto do conflito e acusações
De acordo com o Exército de Defesa de Israel (IDF), al-Sharif era o “chefe de uma célula terrorista do Hamas e responsável por ataques de foguetes contra civis israelenses e tropas”. A IDF divulgou imagens que, segundo afirmaram, mostrariam uma lista de convocados do Hamas e registros de ferimentos com seu nome.
TIME não conseguiu verificar de forma independente essas alegações.
Reação da mídia e da organização
A Al Jazeera condenou o ataque, classificando-o como uma “assassinato direcionado” e uma “violação flagrante e premeditada da liberdade de imprensa”.
Em nota, o canal destacou que Anas e seus colegas eram dos poucos vozes internas de Gaza, oferecendo ao mundo uma cobertura “sem filtros” das duras realidades vividas pelo povo da faixa.
Histórico de ameaças e acusações
Desde cerca de um ano antes de sua morte, al-Sharif enfrentava ameaças e acusações de ligação com o Hamas por parte do exército israelense. Essas alegações se intensificaram após uma reportagem em julho, na qual ele chorou ao cobrir a crise de fome em Gaza.
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Avichay Adraee, criticou o jornalista, acusando-o de atuar de forma hipócrita e de fazer parte de uma “campanha falsa do Hamas sobre a fome”.
Impacto e repercussões
A morte de al-Sharif reforça a tensão na região, trazendo questionamentos sobre a liberdade de imprensa e as ações militares israelenses. A comunidade internacional continua dividida sobre a legalidade e a proporcionalidade do conflito, enquanto Gaza permanece marcada pela crise humanitária e pelas perdas civis.