O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta segunda-feira (11) que espera que a China aumente de forma significativa suas compras de soja americana. A previsão ocorre após o anúncio de uma trégua comercial de 90 dias, cujo prazo expira nesta semana, e visa evitar a escalada de tarifas entre os dois países.
Expectativa de aumento na demanda por soja americana
Trump afirmou na rede social Truth Social que a China está preocupada com uma possível escassez de soja e que, por isso, poderia rapidamente quadruplicar suas encomendas. “Espero que a China rapidamente quadruplique suas encomendas de soja. Isso também é uma forma de reduzir substancialmente o déficit comercial da China com os EUA”, escreveu o presidente americano.
Apesar do otimismo de Trump, analistas destacam que Pequim possui alternativas para suprir sua demanda sem depender exclusivamente da soja americana. “A China pode abastecer-se com outros fornecedores, como o Brasil e a Argentina, caso precise”, afirmou Vitor Pistoia, analista sênior de grãos e oleaginosas do Rabobank. “Não há, de fato, um temor real de escassez de soja na China.”
Contexto das tensões comerciais e mercado agrícola
A China é o maior comprador mundial de soja, representando uma importante fatia do mercado de exportação dos EUA, com um comércio avaliado em mais de US$ 12 bilhões em 2024. A expectativa de melhoria nas relações ocorre em um momento em que os contratos futuros de soja na Bolsa de Chicago reagiram positivamente, registrando alta de até 2,8% após a declaração de Trump.
Enquanto isso, o apelo do presidente ocorre num período em que os agricultores americanos se preparam para a próxima colheita, que aumentará a oferta de soja no mercado. Pequim, por sua vez, vem adotando uma estratégia diversificada na complementação de suas compras, incluindo cargas de soja do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Impactos da disputa comercial na cadeia de abastecimento
Dados do governo dos Estados Unidos indicam que, até o fim de julho, a China evitou fazer reservas antecipadas de cargas de soja para a nova temporada, que começa em setembro, refletindo a persistência das tensões entre os dois países. Além dos desafios comerciais, há também atritos envolvendo tecnologia, como a cobrança de imposto de 15% sobre vendas de chips da Nvidia na China, noticiada pelo Financial Times.
Perspectivas para o futuro imediato
O prazo da trégua tarifária entre China e EUA expira nesta semana, mas sinais indicam que o governo Trump pode prorrogar o acordo. Ainda assim, analistas alertam que Pequim possui robustos estoques de soja de outros países, o que minimiza o risco de escassez, independentemente do desfecho das negociações comerciais.
Para tanta tensão e movimentos estratégicos, a relação comercial entre os dois maiores importadores de soja no mundo permanece de olho nas próximas semanas, com o mercado internacional atento às possíveis decisões e seus efeitos no preço da oleaginosa.
Fonte: O Globo