Brasil, 11 de agosto de 2025
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Recém-formados em tecnologia enfrentam crise de emprego com avanço da IA

Estudantes de Ciência da Computação sentem o peso da automação e das demissões, frustrando sonhos de carreira no setor de tecnologia

Manasi Mishra, de 21 anos, cresceu na Califórnia ouvindo que aprender programação garantiria salários altos e oportunidades infinitas. No entanto, após concluir a graduação em Ciência da Computação na Universidade Purdue em maio, ela enfrenta dificuldades para encontrar uma vaga de trabalho, com poucas empresas chamando para entrevistas.

Impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho em tecnologia

Desde o início dos anos 2010, promessas de altos salários e benefícios atraíram milhões de jovens aos estudos de TI. Segundo a Computing Research Association, o número de graduados na área nos EUA ultrapassou 170 mil em 2024, mais que o dobro de 2014. Apesar disso, a disseminação de ferramentas de programação com inteligência artificial, capazes de gerar códigos rapidamente, tem causado uma reviravolta na percepção de emprego no setor.

A redução na contratação é visível em empresas como Amazon, Intel, Meta e Microsoft, onde as oportunidades para recém-formados têm diminuído. Especialistas alertam que posições de nível inicial, antes bastante cobiçadas, correm risco de serem automatizadas, agravando o cenário de desemprego entre jovens profissionais.

Desafios enfrentados pelos recém-formados em tecnologia

Dados do Federal Reserve Bank de Nova York indicam que as taxas de desemprego para graduados em Ciência da Computação e Engenharia da Computação estão em 6,1% e 7,5%, respectivamente, mais que o dobro de outros cursos, como Biologia. Muitos, como Zach Taylor, de 25 anos, que se formou em 2023, passaram meses enviando milhares de candidaturas sem sucesso.

“A busca por emprego tem sido uma das experiências mais desmoralizantes da minha vida”, revelou Taylor, que chegou a se candidatar a mais de 5.700 vagas e, após 13 entrevistas, permanece sem uma oferta definitiva.

As novas tecnologias e o futuro em dúvida

Ferramentas com inteligência artificial, como o CodeRabbit, prometem acelerar o desenvolvimento de códigos, mas também ameaçam substituir engenheiros júniores. Especialistas alertam que vagas de nível inicial, tradicionalmente reservadas a recém-formados, estão entre as mais afetadas pela automação.

“O que é lamentável, especialmente para quem está entrando agora, é que as posições mais suscetíveis à automação são justamente as que esses profissionais desejam ocupar”, avalia Matthew Martin, economista da Oxford Economics.

Reações e adaptações diante do cenário

Alguns jovens, como Audrey Roller, de 22 anos, investem em ressaltar habilidades humanas na hora de se candidatar, tentando fugir do filtro por IA. Contudo, têm dificuldades e se deparam com rejeições rápidas, em questão de minutos. “É difícil manter a motivação quando um algoritmo decide se você consegue pagar suas contas”, lamenta.

Para enfrentar a crise, estudantes também promovem projetos pessoais e buscam diferenciar-se com habilidades como criatividade, além de aprender a usar novas ferramentas de IA, mesmo diante de um mercado cada vez mais automatizado.

Perspectivas futuras e esforços institucionais

Apesar do cenário adverso, há esforços para resgatar o setor. O presidente dos EUA, Donald Trump, lançou recentemente um plano de ações para ampliar o ensino de IA e direcionar mais estudantes a carreiras no setor tecnológico. Empresas como a Microsoft anunciaram investimentos bilionários em treinamento de IA para estudantes e trabalhadores.

Por outro lado, especialistas alertam que o setor enfrenta desafios de fidelidade entre universidades e mercado, além de um “ciclo vicioso” de sobrecarga de candidaturas, sistemas automatizados de análise de currículos e retração econômica. Assim, a esperança de uma retomada rápida parece distante para muitos recém-formados na área.

Mais detalhes sobre a crise de empregos na tecnologia e as transformações provocadas pela inteligência artificial podem ser conferidos em esta matéria no Globo.

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