Brasil, 12 de agosto de 2025
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He Jiankui planeja retorno à pesquisa genética nos EUA

Após cumprir pena na China, He Jiankui quer abrir laboratório em Austin, Texas, focado em pesquisa sobre Alzheimer.

He Jiankui, o controverso biólogo chinês, voltará a ser uma figura central nas discussões sobre edição genética ao anunciar planos de reabertura de um laboratório em Austin, Texas. A decisão vem após três anos de prisão por práticas médicas ilegais resultantes de sua polêmica experiência com bebês geneticamente modificados. O objetivo de He agora é focar em pesquisa relacionada ao Alzheimer, mas as implicações de seu passado ainda pesam sobre sua reputação.

O passado polêmico de He Jiankui

Em 2018, He Jiankui se tornou mundialmente famoso – ou infame – ao declarar que havia criado as primeiras gêmeas geneticamente modificadas do mundo, projetadas para ter imunidade ao HIV. Essa revelação não apenas chocou a comunidade científica, mas também provocou uma onda de críticas de instituições e especialistas em ética. He foi apelidado de “Frankenstein Chinês” e, em seguida, condenado a três anos de prisão por suas ações, que muitos consideraram antiéticas e prejudiciais ao avanço da biotecnologia.

Antes de suas controvérsias, He era visto como um aluno brilhante, tendo se graduado e trabalhado em algumas das melhores instituições de pesquisa dos EUA, incluindo Stanford. Ele voltou à China em 2012 como parte do “Plano dos Mil Talentos”, uma iniciativa do governo chinês para atrair cientistas talentosos de volta ao país. No entanto, o acesso à edição genética através da técnica CRISPR-Cas9, descoberta por Jennifer Doudna e Emmanuelle Charpentier, estava disponível para qualquer um que tivesse os conhecimentos necessários.

Planos futuros e desafios éticos

Durante uma vídeochamada recente, He revelou suas intenções de prosseguir com a pesquisa em edição genética a partir do seu novo laboratório em Austin, onde planeja focar em estudos sobre Alzheimer em primatas e embriões humanos não viáveis. “Meu objetivo é descobrir uma maneira de editar embriões humanos para prevenir a doença”, afirmou He.

A expectativa de uma nova fase na carreira de He levanta questões éticas significativas, especialmente considerando seu histórico. Academias e organizações médicas expressaram preocupações sobre a possibilidade de He continuar suas pesquisas sem a fiscalização necessária e as implicações das suas descobertas para a humanidade. Existe um temor evidente de que a busca por avanços biológicos possa, mais uma vez, cruzar os limites da ética.

A resposta da comunidade científica

A comunidade científica, que inicialmente condenou suas ações, permanece cética sobre suas novas intenções. Especialistas alertam que, sem um controle adequado, as pesquisas de edição genética podem resultar em consequências perigosas e imprevistas. O caso de He serve como um lembrete do quanto o avanço da ciência deve ser acompanhado de um diálogo ético sólido e adequado.

O retorno de He Jiankui ao cenário científico é algo que muitos observam com grande atenção. Se ele será capaz de reabilitar sua imagem e contribuir positivamente para a pesquisa genética ainda é uma questão em aberto, mas uma coisa é certa: o debate sobre ética na biotecnologia continuará a se intensificar nos próximos anos.

O futuro da pesquisa genética depende não apenas das inovações tecnológicas, mas também da forma como essas inovações são administradas e reguladas. He Jiankui poderá, eventualmente, ser um importante jogador neste cenário, mas será prudente acompanhar sua trajetória de perto, garantindo que a ética nunca seja deixada de lado em nome do progresso científico.

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