O ministro da Economia, Fernando Haddad, informou nesta quarta-feira (22) que a reunião virtual com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, foi cancelada. A conversa estava marcada para a próxima quarta-feira, mas foi desmarcada após episódios relacionados à atuação de forças de extrema-direita no Brasil.
Motivos do cancelamento e contexto político
Durante entrevista ao Estúdio i, na GloboNews, Haddad afirmou que o cancelamento ocorreu devido à reação de militantes anti-diplomáticos ligados à extrema-direita, que atuam junto à Casa Branca. Segundo ele, a decisão foi comunicada por email, com a justificativa de falta de agenda, mas o ministro acredita que há uma relação com declarações do deputado Eduardo Bolsonaro.
“Depois da entrevista dele, na qual afirmou que agiria contra os interesses do país, houve esse episódio”, declarou Haddad, reforçando que não acredita em coincidências nesse tipo de ação.
Reuniões anteriores e tensões diplomáticas
No mês de maio, Haddad já havia se encontrado com Scott Bessent, ocasião em que abordou questões de tarifas comerciais, incluindo a tarifa de 10% aplicada na época. Ele questionou o secretário do Tesouro sobre o déficit na relação comercial bilateral, que, segundo Haddad, é uma das poucas regiões do mundo onde o Brasil exporta mais do que importa para os EUA.
Na conversa, Haddad destacou a importância de tratar de assuntos como dólar, BRICS, comércio em moeda local e a situação na Venezuela. Segundo ele, a postura do secretário refletia alguma compreensão de que há espaço para diálogo e negociação.
Críticas ao governador de São Paulo
Haddad criticou a sugestão do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, de que Lula deveria ligar para Trump para resolver a questão do tarifação. Para o ministro, a ideia é ingênua e pouco realista, argumentando que as relações internacionais exigem preparação e diálogo multilateral.
“Quando dois chefes de Estado se falam, há uma preparação prévia. Não funciona assim. As dificuldades atuais envolvem resistência de atores que atuam em Washington, que não defendem o interesse do país”, afirmou Haddad, reforçando que a elaboração de estratégias diplomáticas deve ser mais cuidadosa.
Perspectivas para o futuro
Haddad destacou que, apesar do cancelamento, há possibilidade de reprogramar o encontro. Ele reforçou a importância de o Brasil manter uma postura firme nas negociações internacionais, especialmente em um momento de tensões políticas e econômicas globais.
O episódio evidencia o clima de polarização que se move além das fronteiras brasileiras, impactando as relações diplomáticas do país. A posição do ministro indica que o governo busca fortalecer sua presença e diálogo com parceiros internacionais, mesmo diante de obstáculos internos.
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