O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, está sendo “um pouco ingênuo” ao acreditar que um telefonema entre o presidente Lula e o ex-presidente Donald Trump resolveria o impasse gerado pelo aumento de tarifa de 50% sobre produtos brasileiros nos Estados Unidos.
Contatos diplomáticos e resistência nos EUA
Haddad comentou que Tarcísio havia declarado que encontros entre autoridades dos dois países não seriam suficientes e que um diálogo direto entre Lula e Trump faria “a diferença” para solucionar o conflito. Contudo, o ministro explicou que o cenário é mais delicado, especialmente devido às dificuldades que ministros brasileiros enfrentam para estabelecer reuniões formais com representantes do Casa Branca.
“Quando você, três ministros, Itamaraty, Fazenda e Desenvolvimento, não consegue sequer sentar à mesa para dialogar, e ainda há resistência por parte de atores que atuam em Washington, acho que o governador está sendo um pouco ingênuo de imaginar que esse telefone é a chave. Mas não é”, afirmou Haddad em entrevista à Globo News.
Reuniões canceladas e resistência em Washington
O ministro revelou que uma reunião prevista para esta quarta-feira com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, foi cancelada na última semana. Segundo Haddad, “forças de extrema direita” que atuam nos Estados Unidos pressionaram assessores da Casa Branca a desmarcar o encontro.
Perspectivas e estratégias do governo brasileiro
Para Haddad, o episódio reforça que o tema comercial atualmente não ocupa prioridade máxima na política externa de Washington. Ainda assim, o governo brasileiro continuará buscando alternativas, inclusive acionando a Organização Mundial do Comércio (OMC), e empenhar-seá em ampliar mercados e apoiar exportadores.
“Vamos seguir trabalhando para encontrar soluções, mesmo diante dessas dificuldades, porque o Brasil precisa defender seus interesses comerciais de forma intensa”, afirmou o ministro.