O luto e a indignação tomaram conta dos familiares e amigos de Ariane Carvalho da Silva, de 41 anos, que foi atropelada por Luan Plácido Moreira da Costa, ex-jogador do Botafogo. O sepultamento ocorreu neste domingo (10) no Cemitério da Pechincha, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ariane, que era advogada e mãe dedicada, foi vítima de um acidente trágico na última sexta-feira (8), enquanto voltava para o trabalho após deixar seu filho de três anos na creche.
Uma vida interrompida
Família e amigos lembram de Ariane como uma mulher cheia de sonhos e planos para o futuro. “Ela sonhava em se casar e levar o filho como pajem no altar”, relatou sua irmã, Adriana Carvalho. O episódio não trouxe apenas a dor da perda, mas também a preocupação com o futuro do pequeno, que já está sofrendo com a ausência da mãe. “O filhinho dela, na madrugada, fica chamando ‘mamãe’”, desabafou Adriana, em meio à dor profunda.
Justiça e responsabilidade
A morte de Ariane levantou gritos de justiça entre seus familiares. Eles exigem que Luan Plácido seja responsabilizado pelo acidente e, além disso, cobram medidas de fiscalização na área onde ocorreu a tragédia. “Nós precisamos de justiça, que a morte da minha irmã não seja em vão. Nós tivemos três da nossa família que perdemos em acidentes de trânsito”, disse Adriana, trazendo à tona a dor já vivida por eles.
Ariane não resistiu aos ferimentos e hemorragias, mesmo após ter sido internada imediatamente em estado gravíssimo. O trânsito na Estrada dos Bandeirantes na hora do acidente era caótico e desconcertante para os parentes, que relatam frequentes imprudências na região. “Em menos de dez minutos, foram mais de cinco imprudências, avanço de sinal, retorno inadequado”, complementou a irmã.
O acidente e suas consequências
O acidente envolveu mais três pessoas além de Ariane. Entre elas, uma mulher de 35 anos se encontra internada em estado grave na unidade do Hospital Municipal Miguel Couto, enquanto os outros dois feridos, Wendell de Almeida, de 28 anos, e José Armando Cassiano, de 22, tiveram alta após atendimento no Hospital Municipal Lourenço Jorge.
Testemunhas do acidente relataram que Luan Plácido, de apenas 21 anos, dirigia na contramão e avançou o sinal vermelho antes de atropelar as quatro pessoas que estavam na calçada. O ex-jogador alegou em depoimento que não se lembra do que aconteceu e afirma estar sob uso de medicamentos controlados, negando ter consumido álcool ou outras drogas. Contudo, não se dispôs a realizar o exame de urina que poderia comprovar a presença de substâncias.
Comportamento após o atropelamento
Após o atropelamento, Luan permaneceu no local e até pediu socorro, mas em seguida apresentou comportamento agitado, tentando agredir um policial e quebrando o vidro de uma viatura. Durante a detenção, ele ainda agrediu outro agente. Acabou preso em flagrante, mas pagou fiança de R$ 3 mil e foi liberado, respondendo em liberdade. Inicialmente, a situação foi registrada como lesão corporal, desacato, resistência à prisão e dano ao patrimônio público. Com a morte de Ariane, ele agora responderá também por homicídio culposo.
Manifestação por justiça
Na manhã desta segunda-feira (11), familiares e amigos de Ariane realizaram uma manifestação em Vargem Pequena, onde o acidente ocorreu. O intuito foi mostrar a dor e a indignação pela situação, pedindo que as autoridades revisem a fiscalização nos locais de maior risco. “A gente não está aqui para fazer bagunça nem desordem. A gente só quer justiça pela morte da minha irmã”, concluiu Adriana, emocionada.
A tragédia que levou a vida de Ariane Carvalho da Silva evidencia não apenas a fragilidade da vida, mas também a necessidade de um olhar mais atento sobre a segurança no trânsito. Em uma cidade onde acidentes são frequentes, o clamor por mudanças e responsabilidades se faz urgente, especialmente em momentos tão dolorosos como este.