Desde que se mudou há 14 anos para o bairro de Crescent Park, em Palo Alto, Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, vem remodelando a paisagem local. Com um patrimônio estimado em US$ 270 bilhões, ele gastou mais de US$ 110 milhões para adquirir pelo menos 11 casas, transformando diversas propriedades em um complexo residencial de luxo, com direito a uma “batcaverna” subterrânea e vigilância intensa, mudando o caráter do tradicional bairro californiano.
Expansão e imóveis de Zuckerberg em Crescent Park
O investidor usou casas na Edgewood Drive, Hamilton Avenue e arredores como uma espécie de tabuleiro imobiliário, comprando várias propriedades por valores que chegam a US$ 14,5 milhões, o dobro ou até o triplo do preço original. Muitos desses imóveis permanecem vazios, enquanto outros foram convertidos em um condomínio de alto padrão, incluindo uma residência principal, casas de hóspedes, jardins, uma quadra de pickleball e uma piscina coberta.
O complexo surge cercado por uma alta cerca de árvores, proporcionando privacidade. Há ainda espaço para eventos ao ar livre e uma escola privada que funciona em uma das casas, embora o uso não seja permitido segundo normas municipais.
A “batcaverna de bilionários” e vigilância intensa
Por baixo do conjunto residencial, Zuckerberg construiu cerca de 650 metros quadrados de área subterrânea, considerados “bunkers” ou “batcaverna de bilionários” por moradores, que levaram oito anos para serem erguidos. A obra resultou em ruídos e equipamentos visíveis nas ruas, tendo causado incômodo aos vizinhos.
Para garantir maior segurança, Zuckerberg instalou câmeras em suas residências com vistas para as casas dos vizinhos e conta com uma equipe de segurança privada, que monitora atividades na via pública e registra visitantes. Segundo Aaron McLear, porta-voz do casal, eles se esforçam para agir de forma responsável, ajustando as câmeras e comunicando os moradores sobre eventos que possam gerar perturbações.
Conflitos e controvérsias no bairro
Moradores como Michael Kieschnick expressam frustração com a postura de Zuckerberg, que, apesar de afirmar que mantém uma política de portas abertas, criou uma atmosfera de controle e isolamento. Além disso, a construção de novas estruturas e a demolição de casas tradicionais geraram descontentamento, especialmente por conta da lentidão da prefeitura em fiscalizar e restringir as obras.
Em 2016, Zuckerberg solicitou a permissão para demolir e reconstruir as casas vizinhas em um projeto de maior porte, mas o conselho municipal rejeitou inicialmente. Mesmo assim, ele seguiu adiante de forma mais lenta, evitando aprovações formais, o que causou irritação entre os moradores.
Impactos na comunidade e opiniões dos vizinhos
Vizinhos relatam dificuldades diárias, como ruas bloqueadas durante festas, entregas constantes de material de construção, e barulho frequente de equipamentos pesados. Tentativas de estabelecer uma convivência mais comunitária, como convites para eventos ou troca de presentes, foram frustradas, reforçando a sensação de isolamento.
Para muitos morando na área há décadas, Zuckerberg representa um exemplo de como bilionários podem criar suas próprias regras, muitas vezes em desacordo com a responsabilidade social. Ainda assim, o empresário afirma que suas ações visam uma convivência responsável e mostra preocupação em minimizar impactos.
Futuro e controvérsias em torno do bairro
Apesar das dificuldades, Zuckerberg mantém sua lógica de expansão e aquisição de imóveis, reforçando seu domínio em Crescent Park. Autoridades locais permanecem com as ações lentas na fiscalização, enquanto vizinhos continuam atentos às mudanças e obras que transformam a tranquilidade do bairro californiano em uma verdadeira fortaleza de um bilionário.
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Fonte: O Globo