Brasil, 10 de agosto de 2025
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Influenciador e deputado bolsonarista fazem lobby nos EUA por sanções

Paulo Figueiredo e Eduardo Bolsonaro discutem sanções contra Alexandre de Moraes em busca de apoio internacional e repercussões econômicas.

Em uma recente live transmitida no dia 15 de março, o influenciador digital Paulo Figueiredo anunciou uma viagem de Weston, na Flórida, a Washington, com o objetivo de discutir com autoridades americanas a possibilidade de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Figueiredo, que atua em estreita colaboração com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), enfatizou a necessidade de enfrentar o magistrado, que se tornou um alvo dos críticos do bolsonarismo. Durante a transmissão, Figueiredo também deixou transparecer que Donald Trump poderia direcionar suas atenções a outras figuras políticas, insinuando que “se o Lula ficar enchendo muito o saco…”, poderia haver consequências.

O lobby em busca de sanções

Nos últimos quatro meses, Figueiredo e Eduardo Bolsonaro têm utilizado intensamente seus canais no YouTube para discutir o lobby que realizam em prol da adoção de sanções aos adversários políticos no Brasil. Eles buscam especificamente provocar ações contra Moraes e outros responsáveis pelos processos judiciais que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu no STF sob acusações de tentativa de golpe. Esse esforço, que inicialmente era tratado com ceticismo, especialmente entre aliados, ganhou nova perspectiva após o anúncio de Trump, em 9 de julho, de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, relacionada às ações contra Bolsonaro.

Uma análise detalhada dos conteúdos publicados por Figueiredo e Eduardo foi realizada pelo jornal O GLOBO, revelando que, entre março e início de agosto, os dois mencionaram sanções uma média impressionante de cinco vezes por dia. O nome “Alexandre”, referindo-se a Moraes, foi citado 2.024 vezes, superando as 795 menções ao nome de Lula, que também é alvo de críticas na narrativa bolsonarista. Essa análise se baseou em transcrições de 316 vídeos que tratavam do tema de sanções, utilizando inteligência artificial para identificar os momentos mais relevantes e, posteriormente, revisando esses trechos pela reportagem para entender o contexto em que foram mencionados.

O impacto das sanções na relação Brasil-EUA

Nos vídeos, Figueiredo e Eduardo mencionam diversas palavras associadas a punições, com variações do termo “sanções” sendo citadas um total de 716 vezes. A apropriação da Lei Magnitsky, que foi aplicada a Moraes por suposta violação de direitos humanos, foi mencionada 174 vezes antes de sua implementação oficial. Neste contexto, os comentários nos vídeos não fazem referência à tarifa imposta por Trump, embora Figueiredo tenha admitido em um podcast que pautas relacionadas à taxação do Brasil foram discutidas em encontros com autoridades americanas.

A atuação de Figueiredo e Eduardo nos EUA não é nova. Figueiredo tem se posicionado como um confidente de Eduardo desde que este decidiu sair da Câmara dos Deputados para se dedicar exclusivamente à campanha contra Moraes. O influenciador, que é neto do general João Batista Figueiredo—último presidente do regime militar no Brasil—, mantém uma relação próxima com Trump, tendo sido seu sócio na construção de um hotel no Rio de Janeiro entre 2013 e 2015.

Implicações legais e estratégias futuras

Nos últimos dias, o deputado e o influenciador começaram a falar sobre a possibilidade de uma escalada nas sanções, o que inclui a sugestão de desligar o Brasil do sistema SWIFT, usado para transações financeiras internacionais. Figueiredo, que reside nos EUA há mais de uma década, afirmou que muitos tópicos e opções estão sob discussão, e reiterou que a taxação não foi considerada a melhor estratégia na busca por sanções que possam impactar a “ditadura” que ele e Eduardo criticam.

Enquanto Eduardo possui um inquérito aberto pelo STF, que investiga suas ações nos EUA, Figueiredo enfrenta acusações em relação ao envolvimento em uma trama golpista. Ambos, no entanto, continuam a denotar uma clara intenção de influenciar decisões políticas e econômicas em nível internacional, mantendo uma narrativa que evidencia a sua postura contra o atual governo e os ministros do STF.

A complexidade da relação entre Brasil e Estados Unidos tem se intensificado com a atuação de figuras como Figueiredo e Eduardo, que buscam ampliar a visibilidade de sua perspectiva nos corredores do poder americano. As consequências de suas ações ainda estão por ser totalmente avaliadas, mas especialistas já alertam que essa forma de lobby pode marcar um novo capítulo nas relações bilaterais, uma vez que sanções unilaterais baseadas em ações judiciais não são comuns na história entre os dois países.

Essa história continua a se desenrolar enquanto ambos os lados buscam fortalecer suas posições e estratégias em um ambiente político cada vez mais conturbado. O impacto dessas ações sobre as relações internacionais e sobre a política interna brasileira será um tema de grande relevância nos próximos meses.

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