No Brasil, muitos pais enfrentam a difícil tarefa de criar seus filhos sozinhos. Um exemplo tocante é o de Glauder Cardoso, de 36 anos, que vive em Mendes (RJ) e é pai de Kemilly, de 13 anos, e Bryan, de 7 anos. Neste Dia dos Pais, ele compartilha sua história, cheia de desafios, amor e superação.
A jornada de um pai solo
A paternidade de Glauder começou quando sua filha, Kemilly, tinha apenas dois anos. Desde então, ele assumiu a responsabilidade total pela educação e bem-estar dela, e, alguns anos depois, também incorporou Bryam em sua rotina. A sua experiência como pai solo tem sido marcada por uma lida constante com os altos e baixos da vida.
Com o diagnóstico de sua filha com a síndrome do espectro autista, Glauder se viu diante de dificuldades inesperadas. “Já saí no meio da noite com ela no colo, correndo pela rua, porque não tinha carro. Ficava na sala vermelha do hospital até que ela se estabilizasse”, relembra. Esta experiência ensinou ao pai a importância de estar sempre atento às necessidades de sua filha, mesmo quando a comunicação verbal não era possível.
A adaptação às novas responsabilidades
Glauder enfrentou não apenas a responsabilidade de cuidar de duas crianças, mas também as particularidades que vêm com a paternidade de uma criança com necessidades especiais. “No começo, como Kemilly não falava, eu tinha que aprender a entender o que ela sentia, se estava com fome, frio ou dor. Foi um aprendizado diário”, afirma. Essa adaptação foi crucial para que ele conseguisse compreender as necessidades da filha e construir um forte vínculo com ela.
Ao longo dos anos, Glauder teve que deixar de lado várias atividades e passatempos pessoais, focando exclusivamente nos filhos. “Passei a viver praticamente pelos meus filhos. Deixei de perder tempo com coisas aleatórias para focar neles. É escola, médico, psicólogo, fono… a organização é constante”, diz ele. Essa dedicação reflete o profundo amor e comprometimento que ele tem pela criação dos filhos.
Apoio e comunidade
Apesar das altas responsabilidades, Glauder é grato por uma rede de apoio que o ajuda em sua jornada como pai solo. Sua tia, Maria, é uma suporte inestimável que cuida das crianças quando ele precisa trabalhar ou resolver questões fora de casa. “Ela é como uma segunda mãe para eles. Também tenho meu pai e outras tias que ajudam quando necessário”, explica. Essa rede de apoio tem sido fundamental, permitindo que Glauder mantenha um equilíbrio entre trabalho e cuidados com os filhos.
A escolha profissional e a flexibilidade
A paternidade teve um papel crucial nas decisões profissionais de Glauder. Ao se tornar pai solo, ele optou por se tornar barbeiro, buscando uma ocupação que lhe proporcionasse flexibilidade para cuidar dos filhos. “Eu precisava de uma ocupação que me desse flexibilidade para cuidar dos meus filhos. Por isso abri minha barbearia. Hoje, além de atender, também dou cursos na área”, conta. Essa escolha não só lhe deu autonomia financeira, mas também a liberdade de estar presente para seus filhos.
Tempo de qualidade e comemorações
Ao ser questionado sobre um conselho para outros pais que estão na mesma situação, Glauder enfatiza a importância de valorizar o tempo de qualidade. “Tenham tempo de qualidade, não a dinheiro que pague”, afirma. Ele planeja comemorar o Dia dos Pais em família, destacando que o mais importante é passar um tempo juntos, seja em um churrasco ou passeio. “O importante é estar com eles e aproveitar o momento”, declarou.
Para Glauder, o Dia dos Pais é um lembrete diário do compromisso assumido com seus filhos há mais de uma década. “Ser pai é estar presente, é ter responsabilidade. É preparar os filhos para o futuro e dar a eles todo o amor e segurança possíveis”, conclui.
A história de Glauder é um exemplo inspirador de paternidade e resiliência, mostrando que, mesmo diante dos desafios, é possível criar filhos com amor e dedicação.
