O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, teve sua última agenda oficial marcada por encontros com líderes do partido Republicanos, um momento significativo em meio a um histórico de tensões entre seu país e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A reunião ocorreu antes de sua saída do cargo, que está programada para a próxima terça-feira, dia 12 de agosto.
Conflito histórico e críticas ao governo
Durante o encontro, Zonshine não poupou elogios ao Congresso brasileiro, ressaltando a importância das iniciativas e debates que ocorrem na Casa do Povo. No entanto, sua fala também incluiu críticas sutis ao Palácio do Planalto, destacando que “aqui, na Casa que representa o povo brasileiro, houve bons encontros, iniciativas, projetos de lei… que substituíram as boas relações que nem sempre tivemos com o governo.” Essa declaração evidencia a evidente desconexão entre as duas partes, refletindo o estado atual das relações Brasil-Israel.
O papel das igrejas evangélicas
Apesar das diferenças religiosas, as igrejas evangélicas brasileiras mantêm uma relação amistosa com Israel, o que é explorado politicamente por figuras da oposição ao governo Lula. Esse alinhamento é usado para criticar a postura do presidente em relação aos conflitos na Faixa de Gaza, que é vista como favorável à Palestina, especialmente após recentes comentários de Lula sobre o massacre israelense na região.
Tensões aumentam entre Brasil e Israel
- Desde a posse de Lula, as relações entre Brasil e Israel têm se deteriorado.
- Israel acusou o governo brasileiro de ser pró-Hamas, enquanto Lula criticou a ação israelense na Faixa de Gaza, onde um grande número de civis já perdeu a vida.
- A crise atingiu um ponto crítico quando Lula comparou as ações de Israel àqueles cometidos durante o Holocausto, o que resultou em sua declaração como persona non grata em Israel.
- Como retaliação, Lula retirou o embaixador brasileiro em Tel Aviv, sinalizando uma queda na importância das relações diplomáticas.
- Este ano, o Brasil formalizou seu apoio a uma ação judicial que acusa Israel de genocídio, reforçando o tom de conflito entre nações.
Gilberto Abramo, líder do Republicanos na Câmara, acompanhou a despedida de Zonshine com palavras de otimismo, afirmando que, apesar das dificuldades, o embaixador pode saudar laços de amizade construídos durante seu tempo no Brasil.
Encontro com Jair Bolsonaro
Um dos momentos que simbolizou ainda mais a tensão entre Zonshine e o governo Lula foi seu encontro com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que aconteceu logo após um ataque terrorista do Hamas em Israel. Esse encontro demonstrou a insatisfação de Netanyahu em relação à postura do governo brasileiro durante a crise, reforçando a ideia de que as relações bilaterais estavam em um ponto crítico.
A transição diplomática e o futuro das relações
A saída de Daniel Zonshine, que ocupou o cargo desde 2021, deixa o Brasil temporariamente sem um embaixador de Israel em um momento delicado. Historicamente, a ausência de um chefe de missão pode indicar um afastamento nas relações entre os países. A escolha para seu sucessor já foi feita, sendo indicado Gali Dagan, ex-embaixador de Israel na Colômbia, mas o Itamaraty ainda não deu seguimento ao processo que permitiria sua posse.
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A atual situação diplomática entre o Brasil e Israel evidencia a complexidade das relações internacionais contemporâneas, em que conflitos de natureza política e ideológica influenciam diretamente os laços de amizade e cooperação entre países. Aguardar a nova nomeação para o cargo de embaixador poderá ser um passo importante na busca por um equilíbrio nas relações bilaterais.