O Dia dos Pais, celebrado neste domingo (10), é uma data que carrega significados diversos, especialmente em uma sociedade marcada por diferentes arranjos familiares. Para muitos, a ocasião é um momento de lembrança daqueles que já partiram, enquanto outros a vivem como uma oportunidade de celebrar os laços familiares com quem está presente. Contudo, o conceito de paternidade vai muito além do vínculo biológico ou jurídico, abrangendo a chamada “paternidade afetiva”.
A importância da paternidade afetiva
Pessoas que desempenham um papel paternal, mesmo sem um documento que comprove a relação, como avôs, tios, irmãos e padrastos, são reconhecidas como figuras centrais na vida das crianças. Segundo Fabrício Lemos, especialista em terapia familiar, essa conexão pode ser tão ou mais significativa do que a presença de um pai biológico ou adotivo que não exerça a paternidade de forma afetiva. O que realmente conta, afirma Lemos, é a criação de um ambiente familiar saudável e acolhedor.
Um exemplo inspirador é o relato de Layane Campos, moradora do Distrito Federal, que foi criada pelo avô, José Campos. Para ela, o avô é uma verdadeira figura paterna, repleta de ensinamentos e carinho. “Acredito que pela profissão dele, sempre teve muita paciência e bondade. Ele me proporcionou um ambiente amoroso, mas também estabeleceu limites, algo essencial para um bom desenvolvimento”, explica Layane, que hoje tem 21 anos.
Experiências que moldam relações
A relação entre Layane e seu avô começou de forma a confundir a própria jovem. Inicialmente, ela o chamava de “tio”, até que, com o passar do tempo, começou a reconhecê-lo como “pai”. Essa mudança de perspectiva aconteceu de maneira natural e foi motivada pela construção contínua de uma relação de amor e respeito mútuo.
José Campos, por sua vez, reafirma o compromisso em criar uma “paternidade verdadeira” com Layane, afirmando que “não houve diferença em relação às minhas outras filhas. Eu sou pai dela da mesma forma que sou para as minhas biológicas”. Esse tipo de vínculo não se limita apenas a laços sanguíneos mas é moldado por experiências do cotidiano, que reforçam a importância e o valor do amor incondicional.
Os benefícios de uma figura paterna
Os benefícios de ter uma figura paterna afetuosa e presente são muitas. De acordo com Fabrício Lemos, algumas das vantagens incluem:
- Desenvolvimento emocional saudável: A presença de um pai afetivo ajuda a criança a compreender melhor suas emoções e promove autonomia.
- Menor chance de comportamentos de risco: A figura paterna reduz as chances de comportamentos delinquentes, uso de substâncias e gravidez na adolescência.
- Desenvolvimento cognitivo: Crianças com presença paterna tendem a ter melhor vocabulário e argumentação.
- Desenvolvimento social: Presença paterna facilita a formação de relações saudáveis com os pares.
- Melhora na autoestima: Uma figura paterna ativa reduz a sensação de abandono e culpa, comum em lares desestruturados.
- Senso de segurança: Crianças que têm figuras paternas presentes sentem-se acolhidas e seguras.
Construindo relações saudáveis
Apesar dos benefícios, a jornada de construir uma relação saudável entre pais afetivos e crianças não é isenta de desafios. Lemos sugere algumas estratégias para que esse vínculo seja fortalecido:
- Reconhecer a importância da relação entre a criança e o pai afetivo.
- Respeitar o tempo da criança e sua adaptação à nova dinâmica familiar.
- Dedicar tempo e atenção para desenvolver uma relação saudável.
- Evitar um clima de competição entre o pai biológico e o pai afetivo.
A família de Layane também enfrentou desafios relacionados à presença do pai biológico. Entretanto, José Campos garantiu que o carinho e o amor que sentia por Layane eram incondicionais e não competiriam com nenhum outro amor. Essa atitude reforçou a segurança emocional e a estabilidade que a jovem tanto precisava.
Reflexão sobre o Dia dos Pais
Assim, neste Dia dos Pais, é essencial celebrar não apenas os laços de sangue, mas reconhecer também as diversas formas de amor e paternidade que moldam nossas vidas. A paternidade afetiva é uma realidade cada vez mais presente em nossa sociedade e, sem dúvida, desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e bem-estar das crianças. Que possamos valorizar e respeitar todas as relações que contribuem para um futuro mais saudável e feliz.
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