Brasil, 10 de agosto de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Arthur Lira mantém influência política após deixar a presidência da Câmara

Ex-presidente da Câmara articula acordos entre governo e oposição, mostrando sua força política no cenário atual.

Mais de cinco meses após deixar o comando da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) continua a desempenhar um papel crucial na política brasileira. Com a habilidade de alternar gestos entre o governo de Lula e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, Lira se mostrou um artífice importante nos bastidores do Legislativo. Um exemplo claro de sua influência foi a articulação que culminou na desobstrução do plenário e na devolução da presidência da Câmara ao seu sucessor, Hugo Motta (Republicanos-PB).

O papel de Lira nas negociações políticas

Líderes do movimento que paralisou a Câmara por dois dias recorreram a Lira antes de uma reunião com Motta, buscando entendimento em um momento de tensão. Na véspera, Lira havia feito um aceno ao bolsonarismo, criticando a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro. Tal posição revela que, mesmo fora da presidência, o deputado continua a influenciar a dinâmica política da Casa.

No gabinete de Lira, representantes da oposição ouviram um apelo para que os protestos cessassem, em troca de apoio para pautas que interessam ao grupo, como o fim do foro privilegiado e a discussão sobre a anistia para acusados de tentativa de golpe. Essas medidas, que atendem às demandas dos bolsonaristas, visam tirar Bolsonaro da mira do Supremo Tribunal Federal (STF), uma manobra arriscada, mas que Lira parece disposto a apoiar.

A PEC da Blindagem e o cenário político atual

Ao atuar como fiador do acordo, Lira também apresentou um pacote de medidas conhecido como PEC da Blindagem. Esta proposta inclui a necessidade de aval do Legislativo para que um congressista seja investigado, além da previsão de prisão apenas em casos de flagrante ou crime inafiançável. Essa mudança legislativa espera oferecer proteção aos parlamentares que estão na linha de frente de investigações judiciais.

Durante sua gestão, Lira tentou aprovar medidas semelhantes, mas enfrentou resistência, especialmente do então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que se opôs a iniciativas que pudessem obstaculizar investigações contra quaisquer cidadãos. Entretanto, a atual conjuntura política, marcada por um embate entre a oposição e o STF, parece ter favorecido a proposta de Lira, que agora busca garantir um maior número de apoios na Câmara. A expectativa é que a PEC da Blindagem e outras questões, como o fim do foro privilegiado, sejam discutidas em uma reunião de líderes, com possível votação imediata.

Impulsos do governo e novas propostas

Ao mesmo tempo que Lira flerta com o bolsonarismo, sua atuação também beneficiou o governo de Lula, destravando a Câmara para a votação de propostas chave, entre elas a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Tal proposta é considerada prioritária por Lula, especialmente em um ano eleitoral, onde o presidente pretende usar esse tema como um dos pilares para sua reeleição.

A urgência dessa aprovação se intensifica, uma vez que a iniciativa precisa passar pelo crivo do Congresso até setembro para estar em vigor em 2026. O relatório favorável à proposta, elaborado pelo próprio Lira, foi apresentado coincidentemente no mesmo dia em que Lula anunciou a indicação da procuradora de Justiça Maria Marluce Caldas para uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Essa indicação refere-se a uma costura eleitoral envolvendo o sobrinho de Marluce, que é prefeito de Maceió, e que se comprometeu a não concorrer às eleições deste ano.

Repercussão e desafios futuros

A aproximação entre Lira e o governo, assim como os acordos com a oposição, não passaram sem críticas. O protagonismo de Lira nas negociações levou a comentários sobre uma possível fragilidade da nova presidência, sob comando de Motta, que não se envolveu diretamente nas discussões. Motta, ao ser questionado sobre a situação, defendeu a atuação de Lira, reforçando a ideia de que todos os líderes estavam colaborando em prol do país.

Na sequência dos acontecimentos, o corregedor da Câmara, Daniel Coronel (PSD-BA), deve apresentar os pareceres sobre processos disciplinares contra parlamentares que obstruíram os trabalhos da Casa. Este movimento busca restabelecer a ordem no Congresso, uma vez que até 14 congressistas poderão ver seus mandatos suspensos por até seis meses.

A trajetória recente de Arthur Lira ilustra bem o jogo de poder no Brasil, onde alianças são constantemente formadas e desfeitas, sempre em busca de um equilíbrio que concede espaço para negociações benéficas para diversos grupos políticos. Sua habilidade em negociar com diferentes lados mostra que, mesmo fora do cargo de presidente da Câmara, ele continua a ser uma figura central na política nacional.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes