Com uma economia relativamente fechada, a tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre produtos brasileiros provavelmente terá efeito limitado, avalia a revista britânica The Economist. A recente isenção de 700 itens anunciada pelo governo americano reforça a percepção de que as tarifas representam mais um “latido” do que uma “mordida”.
Impacto das tarifas e as isenções
A revista lembra que o Brasil, com uma economia relativamente fechada, exportou menos de 20% do PIB no ano passado, enquanto países como México, Vietnã e Tailândia têm uma dependência maior das exportações – respectivamente, um terço e até 70% do PIB. Segundo a China, as relações comerciais do Brasil estão crescendo, mesmo diante das tarifas americanas.
Com as isenções, a EUA deverão poupar quase metade das exportações brasileiras para o país, estima a empresa de pesquisa TS Lombard. Além disso, o Itaú Unibanco projeta que a alíquota efetiva ficará em cerca de 30%, enquanto o Goldman Sachs mantém sua previsão de crescimento do PIB de 2,3% para este ano, considerando as isenções.
Setores mais impactados
Setores como café, carne e frutas, que ficaram de fora das isenções, sentirão de forma mais intensa os efeitos do aumento tarifário. Já há queda nas exportações desses produtos, devido à incerteza dos clientes quanto a novos pedidos, aponta a reportagem.
Resiliência e diversificação dos mercados
Por outro lado, a relação comercial do Brasil com a China continua forte, e mesmo os setores mais afetados podem mostrar resiliência. A União Europeia permanece como principal destino de café brasileiro, enquanto vendas para o Leste Asiático, Oriente Médio e Norte da África aumentaram significativamente no ano passado. O país já importa a maior parte da carne bovina brasileira e aprovou importações de 183 novas empresas de café em 2 de agosto.
Perspectivas e ajuda do governo
Além das isenções, a revista destaca que o pacote de auxílio do governo brasileiro às empresas exportadoras deve oferecer maior alivio. Há também esperança de que as tarifas possam ser revogadas ou reduzidas, especialmente com a alta dos preços nos Estados Unidos, que pode pressionar a Casa Branca a reavaliar sua postura, avalia The Economist.
Indignação política e defesa da soberania brasileira
A revista relata que Trump “está indignado” com o fato do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro estar sendo julgado por suposto planejamento de golpe. As tarifas consideradas exageradas, segundo a revista, teriam motivação mais política do que econômica, pois os Estados Unidos têm superávit comercial com o Brasil.
O governo brasileiro evitou retaliações e as palavras do presidente Lula defendendo a soberania do país ajudaram a melhorar sua popularidade. Lula desafiou Trump e afirmou que o Brasil não será “tutelado” por potências estrangeiras nem se humilhará diante de um “imperador” indesejado, reforçou a publicação.
Fonte: O Globo