Daniel O’Connell, conhecido como “The Liberator”, foi uma figura central na história da Irlanda do século XIX, liderando a luta pela emancipação católica de forma pacífica e diplomática.Ele conseguiu obrigar o governo britânico a conceder direitos civis aos católicos em 1829, marcando uma mudança profunda na política irlandesa.
Conquistas e legado de O’Connell na emancipação católica
O’Connell foi responsável pela aprovação do Catholic Relief Act de 1829, que permitiu que cathólicos participassem do Parlamento e ocupassem cargos públicos, derrubando leis opressivas conhecidas como leis penais. Segundo o bispo Niall Coll de Ossory, “A realização de O’Connell resultou na revogação de leis que restringiam direitos civis dos católicos, uma conquista de grande impacto”.
Natural de Caherciveen, no Condado de Kerry, nasceu em 1775. Seus primeiros anos foram marcados por uma convivência próxima à cultura irlandesa, aprendeu o idioma nativo e cresceu em uma família que, apesar das leis penais, conseguiu manter suas terras devido à sua localização e alianças. Após estudos na França, retornou à Irlanda, formando uma carreira de sucesso como advogado e fundando em 1823 a Associação Católica, dedicada à causa da emancipação.
O impacto de O’Connell na política e na sociedade
O’Connell promoveu uma união entre Igreja e leigos na política, defendendo reformas democráticas sem apelar para a violência. O historiador padre Fergus O’Donoghue destaca que sua experiência com a Revolução Francesa impulsionou sua oposição à violência e sua defesa do método parlamentar. “Ele trouxe uma consciência política às classes católicas irlandesas, energizando-as para a luta por seus direitos”, afirmou.
Além de transformar a política na Irlanda, O’Connell influenciou outros países devido à sua maneira pacífica de mobilizar o povo. Sua abordagem, baseada na solidariedade popular e na não violência, inspirou movimentos similares na América e na Austrália. “Ele foi pioneiro ao mostrar que a luta por direitos civis podia ser pacífica e efetiva”, explica Coll.
Reconhecimento internacional e influência de O’Connell
O’Connell foi admirado por figuras como Eamon de Valera, presidente da Irlanda, e o estadista francês Charles de Gaulle, que visitou a casa de Derrynane após uma longa admiração pela figura. De Gaulle, inclusive, afirmou que sua avó escreveu um livro sobre O’Connell, o que reforça sua relevância internacional. Historiadores ressaltam que sua reputação ultrapassou as fronteiras da Irlanda, sendo considerado um símbolo de resistência pacífica.
Segundo o jornalista Dermot McCarthy, O’Connell foi crucial para “despertar o orgulho e a dignidade de um povo empobrecido e marginalizado”, promovendo uma revolução silenciosa que ainda influencia os movimentos democráticos atuais. O’engajamento com a justiça social e a liberdade de expressão permanecem parte de sua herança.
O fim e a memória de O’Connell
O’Connell morreu em 1847, na Itália, após pedir que seu coração fosse doado a Roma, enquanto seu corpo ficaria na Irlanda. Sua última homenagem foi um requiem na Basílica de Sant’Andrea della Valle, onde compareceram figuras importantes como John Henry Newman. Sua luta pela liberdade e pelos direitos civis continua sendo um exemplo de resistência pacífica e perseverança.
Atualemente, suas ações e valores são lembrados como marco da justiça social e dos direitos humanos na Irlanda e além. A visão de O’Connell permanece viva, inspirando gerações na busca por uma sociedade mais justa e democrática.