Na última semana, o ex-presidente Jair Bolsonaro começou a receber visitantes em sua prisão domiciliar, revelando um novo cenário em seu círculo social. Durante seu tempo no Palácio da Alvorada, Bolsonaro era cercado por militares que ocupavam cargos estratégicos em seu governo. No entanto, esse vínculo se enfraqueceu e agora não há militares entre os visitantes que procuram apoiar o ex-presidente na nova fase de sua vida.
O afastamento dos militares
O impacto de sua prisão trouxe à tona mudanças significativas nas relações de Bolsonaro. Inicialmente, os oficiais do Exército eram uma presença constante em sua administração, mas esse laço se diluiu ao longo de seu mandato, especialmente após os eventos de 8 de janeiro, que levaram a uma série de investigações. Por exemplo, o tenente-coronel Mauro Cid, uma das figuras mais próximas a Bolsonaro, tornou-se delator, contribuindo para complicar a situação jurídica do ex-presidente.
Outro general próximo, Braga Netto, está preso em relação à mesma trama golpista, enquanto Luiz Eduardo Ramos, um dos poucos aliados militares ainda considerados não implicados, também decidiu se afastar no final do governo. Outros militares que foram parte da primeira linha de defesa de Bolsonaro, como Augusto Heleno, têm enfrentado processos judiciais e, consequentemente, estão impedidos de visitá-lo.
Visitas de aliados políticos
A nova realidade de Bolsonaro é marcada pela visita de políticos aliados, predominantemente de partidos como PL, PP e Republicanos. Até agora, mais de 30 pessoas, entre políticos e ex-ministros, solicitaram ou realizaram visitas ao ex-presidente. Um dos primeiros a vê-lo foi Ciro Nogueira, do PP-PI, que relatou que Bolsonaro estava “triste” em sua nova situação. Esses encontros têm funcionado como um termômetro político, refletindo a disposição dos parlamentares em estar próximos a Bolsonaro nesse momento delicado.
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, autorizou a entrada de familiares próximos sem necessidade de pedido formal, mas outros visitantes devem obter permissão para entrar. Recentemente, a visita de Gustavo Gayer, um deputado investigado, foi negada. Essa dinâmica de visitas e restrições tem gerado expectativa sobre qual será a força política de Bolsonaro fora da prisão.
Como Bolsonaro lida com o dia a dia
Durante os primeiros dias em casa, Bolsonaro expressou perplexidade em relação à sua prisão e se mostrou angustiado por não querer “o mal de ninguém, nem de Moraes”. Com acesso restrito ao celular, encontra-se em um novo estilo de vida que inclui assistir a partidas de futebol e acompanhar as notícias na TV, além de cuidar de seus cães. Aliados notam que a falta de contato pelas redes sociais tem gerado um nível significativo de ansiedade.
Michelle, sua esposa, manteve alguns compromissos políticos, mas sua agenda foi encolhida. Ela tem sido a principal interlocutora de Bolsonaro com o mundo exterior, dando suporte emocional e político. Círculos próximos a ela sugerem que ela tem incentivado orações e apoio, especialmente entre a ala feminina do PL.
Expectativas futuras e reações no Congresso
Aliados de Bolsonaro têm discutido possíveis estratégias para seguir adiante com o projeto de anistia dos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro, o que enfrenta resistência no Congresso. Além disso, várias solicitações de visita a Bolsonaro foram feitas por deputados e senadores de diferentes denominações, refletindo o esforço contínuo da base bolsonarista em permanecer unida apesar das tribulações legais que o ex-presidente enfrenta.
O futuro político de Bolsonaro, mesmo em prisão domiciliar, permanece um ponto focal de discussões no cenário brasileiro. As interações com seus visitantes e a manutenção de suas relações políticas serão cruciais para entender seus próximos passos no cenário político e as repercussões para seu partido e seus aliados.
Conforme a trama se desenrola, a dinâmica de poder e as conexões que Bolsonaro constrói na prisão poderão influenciar não apenas sua trajetória, mas todo o cenário político no Brasil.