As ações da Petrobras despencaram aproximadamente 7% na B3 nesta sexta-feira (8), após o anúncio do pagamento de dividendos referente ao segundo trimestre de 2025. A avaliação é do diretor financeiro e de relacionamento com investidores, Fernando Melgarejo, que explicou que a forte queda foi motivada por insatisfação do mercado com o volume de dividendos distribuídos.
Dividendos e impacto no mercado
Na noite de quinta-feira (7), a Petrobras divulgou que pagará R$ 8,66 bilhões em dividendos e Juros sobre Capital Próprio (JCP), o equivalente a R$ 0,67192409 por ação. Apesar do valor, que representa cerca de 29% para o governo e 8% para o BNDES, a expectativa do mercado foi frustrada por eventos não recorrentes que impactaram o resultado, conforme explicou Melgarejo.
“Talvez, tenha sido frustrada um pouco a expectativa de distribuição de dividendos gerada neste trimestre. Foi impactado por eventos não recorrentes que não acontecerão nos próximos períodos. Então, o movimento de queda deve ser passageiro”, afirmou o executivo.
Resultados e fundamentos da Petrobras
Apesar das ações sofrerem forte queda, Melgarejo destacou que os resultados operacionais da estatal continuam sendo considerados “bastante positivos” pelo mercado. Segundo ele, 75% dos 16 analistas que recomendam compra ou venda de ações indicam compra, refletindo uma visão otimista sobre o desempenho da companhia.
O lucro líquido da Petrobras no segundo trimestre chegou a R$ 26,7 bilhões, uma redução de 24,3% em relação ao trimestre anterior, mas ainda assim superior ao prejuízo de R$ 2,6 bilhões do mesmo período de 2024. Essas informações contribuem para a avaliação de que a companhia mantém potencial de geração de valor.
Perspectivas relacionadas ao petróleo e dividendos
Questionado sobre a possibilidade de pagar dividendos extraordinários futuramente, Melgarejo afirmou que, embora desejasse, depende do excesso de caixa gerado pela performance operacional e do preço do petróleo no mercado internacional. Ele explicou que o preço do Brent, referência para o mercado global, esteve cerca de 10% abaixo no segundo trimestre, negociado em média a US$ 67,82 o barril.
“Só é possível pagar dividendos extraordinários se tivermos geração de caixa suficiente para cobrir todos os investimentos, despesas operacionais e ainda sobrando recursos”, comentou o diretor. Ele acrescentou que, se a tendência de baixa no preço do petróleo continuar, as chances de pagamento de dividendos extraordinários este ano diminuem.
Reação dos trabalhadores do setor
Em contraponto ao mercado financeiro, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmou que considera positiva a ausência de dividendos extraordinários neste trimestre. Para a entidade, a maior parte dos lucros deve ser reinvestida na empresa para ampliar investimentos e garantir o fortalecimento da Petrobras.
“Houve uma redução no ritmo de expropriação da riqueza da maior empresa do país, e estamos atentos para que essa tendência seja mantida”, afirmou Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, em nota oficial. A política de dividendos da Petrobras prevê que, em caso de endividamento controlado, 45% do fluxo de caixa livre seja distribuído aos acionistas.
Impactos futuros e controle acionário
O controle acionário da Petrobras, que detém 50,26% das ações com direito de voto, é majoritariamente do governo federal, incluindo o BNDES, banco de fomento do Estado. Apesar de ser uma estatal, a companhia é uma empresa de capital aberto, com ações negociadas na bolsa de valores de São Paulo e também na Bolsa de Nova York (NYSE).
O diretor financeiro destacou que, para pagar dividendos extraordinários no futuro, além do preço do petróleo, é necessário um volume de vendas consistente e geração de caixa operacional robusta. O cenário dependerá, portanto, das condições de mercado e do desempenho operacional da empresa.
Para acompanhar os desdobramentos desta situação, a expectativa é que a Petrobras implemente novas estratégias e ajustes na política de dividendos, considerando as variáveis internas e externas que afetam seus resultados.
Fonte: Agência Brasil