Brasil, 10 de agosto de 2025
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Preta Gil revela traumas e vitórias em autobiografia íntima

A autobiografia de Preta Gil, intitulada “Preta Gil – Os Primeiros 50”, vai além de uma simples retrospectiva da vida da artista. Este livro representa uma verdadeira travessia. Nele, Preta narra experiências intensas que vão desde perdas, amores e vaidades até o enfrentamento do racismo e a luta contra o câncer, construindo um mosaico visceral de memórias que impactam profundamente quem o lê.

O ano mais difícil da vida de Preta

Logo nas primeiras páginas, Preta compartilha um dos momentos mais desafiadores de sua vida. Ela inicia sua narrativa pela experiência traumática de uma hemorragia intensa, que culminou em um diagnóstico de câncer no reto e uma cirurgia de emergência realizada em meio à pandemia de Covid-19. Para agravar a situação, descobriu a traição do ex-marido, Rodrigo Godoy, e enfrentou uma separação tumultuada, tudo isso no que ela define como “o ano mais difícil da minha vida” — 2023.

O peso da herança e a construção da identidade artística

Filha de Gilberto Gil, um dos ícones da música brasileira, e de Sandra Gadelha, Preta sempre viveu sob a sombra de grandes nomes da MPB. No entanto, sua trajetória foi marcada por uma luta interna para reconhecer e afirmar sua própria voz artística. Em 2003, ao lançar seu primeiro álbum, “Prêt-à-Porter”, ela chocou o público ao aparecer nua na capa, coberta apenas por fitinhas do Senhor do Bonfim. Essa ousadia a colocou no centro de uma tempestade de críticas, principalmente pela gordofobia que enfrentou.

“Achei que estava arrasando”, relembra Preta, refletindo sobre o impacto que essa escolha teve em sua vida e carreira. A reação paternal de Gilberto Gil foi cautelosa, expressando reservas sobre a ousadia de sua filha.

Entre vaidades, vícios e superações

O livro de Preta não se esquiva de abordar temas delicados. Ela fala abertamente sobre uma séria compulsão por compras que quase comprometeu seu patrimônio e o futuro de seu filho, Francisco. “Eu suava frio de vontade de comprar”, confessa, revelando a luta contra essa compulsão que buscou tratar com ajuda profissional.

A artista também faz uma reflexão profunda sobre como o consumo excessivo foi uma tentativa de preencher vazios deixados pela rejeição social que sofreu durante a infância. “As mães das minhas amigas diziam: ‘Olha lá, é a filha do Gilberto Gil, preso com maconha, negra, doida’. Isso fere uma criança. Quando você cresce, tenta se proteger como pode.”

Identidade, racismo e aprendizado contínuo

Preta Gil narra ainda a сложa e complexa relação que teve com sua negritude. Nascida com pele clara e cabelo liso, ela só entendeu as nuances do racismo brasileiro com o passar dos anos. Um episódio marcante foi o momento em que foi vaiada em uma palestra em Salvador por utilizar termos que não estavam mais em voga, como “mulata” e “denegrir”. Para ela, essa experiência foi crucial, levando-a a repensar suas atitudes e a importância do letramento racial.

“Esse episódio foi emblemático. Me fez repensar atitudes, vocabulário, e fortalecer posturas afirmativas.”

Amor, perda e liberdade

Nas passagens afetivas do livro, Preta fala sobre perdas dolorosas, incluindo duas gestações interrompidas e a morte de seu irmão, Pedro, em um acidente de carro. A relação com sua madrinha, Gal Costa, também é destacada como uma referência afetiva essencial em sua infância. Ao falar sobre amor, a cantora expressa sua liberdade em explorar relacionamentos, afirmando com clareza: “Estou apaixonada por duas pessoas, um homem e uma mulher.” Ela enfatiza sua autonomia e a liberdade de amar sem amarras, destacando que “Posso ficar com quem quiser, na hora que quiser.”

“Preta Gil – Os Primeiros 50” se apresenta, portanto, como uma obra de coragem e sinceridade, que promete ressoar com muitos leitores e inspirar reflexões sobre identidade, amor e superação.

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