O clima na Câmara dos Deputados está tenso após o motim protagonizado por parlamentares da oposição. O presidente da Câmara, Hugo Motta, enviou à Corregedoria da Casa pedidos de afastamento de seis deputados, sendo cinco da oposição e uma deputada do Partido dos Trabalhadores (PT), acusada de agressão. As solicitações visam um período de afastamento de até seis meses e agora precisam passar pela votação do Conselho de Ética, em um processo que pode trazer repercussões significativas sobre a conduta parlamentar.
Motins e obstruções no Congresso Nacional
Os deputados pedidos para afastamento pertencem ao Partido Liberal (PL), ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, e ao Novo. Durante os dias 5 e 6 deste mês, eles participaram de uma ocupação na Mesa Diretora da Câmara, obstruindo a retomada das atividades legislativas. Além disso, a deputada Camila Jara, do PT, é acusada de agressão ao deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), o que gerou ainda mais polêmica e consequentes pedidos de providências.
Os deputados mencionados são: Marcos Pollon (PL-MS), Zé Trovão (PL-SC), Júlia Zanatta (PL-SC), Marcel van Hattem (Novo-RS), Paulo Bilynskyj (PL-SP) e Camila Jara (PT-MS). Esta decisão da Mesa Diretora foi tomada após reunião na última sexta-feira (8).
“A Mesa da Câmara dos Deputados se reuniu para tratar das condutas praticadas por diversos deputados federais nos dias 5 e 6. A fim de permitir a devida apuração do ocorrido, decidiu-se pelo imediato encaminhamento de todas as denúncias à Corregedoria Parlamentar para a adequada análise”, informou a Secretaria-Geral da Mesa da Câmara.
Acusações e defesas em destaque
A manhã seguinte à reunião foi marcada por um ofício apresentado pelo líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), que solicitou a abertura de processo disciplinar e a suspensão cautelar de cinco deputados bolsonaristas. Curiosamente, a suspensão de Camila Jara foi demandada por deputados da oposição. A situação evidencia a polarização política no país e os desafios enfrentados pela gestão das questões parlamentares.
Conforme as denúncias, Pollon é acusado de impedir a continuidade dos trabalhos e, dias antes, de ter ofendido Motta. Em suas redes sociais, ele alegou ser autista e não entender a situação, justificando sua postura durante o episódio. Já Zé Trovão foi acusado de tentar, fisicamente, impedir a volta de Motta à Mesa Diretora.
A situação de Júlia Zanatta é particularmente complicada, já que a parlamentar é acusada de usar sua filha, uma bebê de quatro meses, como um “escudo humano” em meio ao tumulto, colocando a criança em um ambiente de alto estresse. Por sua vez, Bilynskyj é acusado de invadir e “sequestrar” a Mesa Diretora, além de gerar tumulto na Comissão de Direitos Humanos, onde impediu o presidente da comissão de agir.
As reações nas redes sociais foram escassas, com Zé Trovão, Zanatta e Bilynskyj não se manifestando até o momento sobre a decisão de Hugo Motta. Entretanto, na sessão realizada na quinta-feira (7), Zé Trovão negou ter incentivado a violência, alegando que atuava apenas para evitar a força em expulsões de parlamentares.
As tensões aumentaram com as mais recentes alegações contra Camila Jara, que é acusada de ter empurrado Nikolas Ferreira em uma tentativa de retomar o controle sobre a discussão no plenário. A assessoria da deputada refutou a acusação, mencionando um “empurra-empurra” em que apenas afastou Ferreira, que, segundo eles, teria se desequilibrado.
Após a análise da Corregedoria, os resultados e decisões serão enviados à Mesa Diretora, antes de seguir para o Conselho de Ética, onde as punições podem ser profundas e afetar a imagem de todos os envolvidos.
Com as dependências da política nacional em jogo, as próximas semanas serão cruciais para a definição dos rumos dessa situação explosiva na Câmara dos Deputados.
* Com informações da Agência Câmara
