Brasil, 15 de agosto de 2025
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Ex-funcionários da Voepass enfrentam dificuldades um ano após desastre aéreo

Drama de trabalhadores é agravado pela falta de rescisões e dificuldades financeiras após tragédia em Vinhedo.

Um ano após a queda do voo 2283 da Voepass, que resultou na morte de 62 pessoas em Vinhedo (SP), ex-funcionários da companhia enfrentam sérias dificuldades financeiras. Alessandra Morales, uma ex-comissária de bordo de 45 anos, é um exemplo emblemático dessa realidade. Demitida após o acidente, ela tenta recomeçar como corretora de imóveis em Ribeirão Preto, cidade onde a empresa está baseada. Sem receber suas verbas rescisórias, Alessandra vive um momento crítico, lidando com a insegurança e a ansiedade de uma nova fase. “Eu não recebi nada, nada. Acho que era para receber no mínimo minha rescisão e meu fundo de garantia. Não recebi nada. A empresa desligou todo mundo e depois mandaram a rescisão”, desabafou.

A situação financeira dos ex-funcionários

O drama de Alessandra não é isolado. Muitos ex-colaboradores da Voepass também afirmam não ter recebido os pagamentos devidos. Um ex-funcionário, que preferiu não se identificar, confirmou que todos saíram sem receber quaisquer verbas rescisórias. “Fomos demitidos e não temos os nossos direitos. FGTS, salário do mês, todo mundo saiu com uma mão na frente e outra atrás”, explica.

Diante da situação, muitos trabalhadores recorreram à Justiça para garantir seus direitos trabalhistas que não foram respeitados. O Ministério Público do Trabalho (MPT) informou que está processando uma ação civil coletiva que visa unificar os pedidos de pagamento de ex-funcionários. Essa ação já resultou em uma condenação de R$ 3 milhões a favor dos trabalhadores, mas o pagamento ainda está em um estado indefinido, dependendo das decisões da Justiça.

Falta de apoio e saúde abalada

As dificuldades financeiras têm refletido também na saúde de indivíduos como Alessandra, que se vê enfrentando problemas físicos e psicológicos. “Estou com problema de fígado. É óbvio que isso impacta a saúde física e psicológica. Você não tem paz”, descreve. O acúmulo de dívidas e a incerteza sobre o futuro têm gerado um impacto emocional profundo e preocupante. “Acho que poderia estar recomeçando ao menos algo, mas agora, aos 45 anos, começar do zero, é desolador”, lamenta.

Desastre aéreo e consequências para a Voepass

O acidente aéreo teve um impacto devastador não apenas nas vidas das vítimas, mas também nas operações da Voepass. O desastre resultou em uma série de consequências financeiras para a companhia, que já enfrentava dificuldades desde a pandemia. A rescissão do contrato com a Latam, sua principal parceira comercial, apenas agravou a situação. Como resultado, a Anac suspendeu os voos da empresa e, em junho, cassou seu certificado de operador aéreo (COA), o que impossibilita a operação de novos voos no Brasil.

A Voepass, por sua vez, reconhece a gravidade da situação. Em nota divulgada, a empresa afirma estar ciente das dificuldades enfrentadas pelos ex-funcionários e que está comprometida em resolver as questões indenizatórias. No entanto, o caminho para a solução ainda é incerto, com a empresa acumulando mais de R$ 400 milhões em dívidas.

O que vem a seguir?

Com a situação judicial ainda em andamento e sem uma previsão clara de resolução, os ex-funcionários da Voepass continuam a lutar por seus direitos. A falta de pagamento de verbas rescisórias e a insegurança quanto ao futuro apenas aumentam o sentimento de desamparo entre eles. Alessandra e seus colegas esperam que a situação se normalize para que possam, finalmente, se reerguer e seguir em frente após os danos emocionais e financeiros causados tanto pelo acidente quanto pelas ações da empresa. “O que nós queremos é o que nos é devido e a chance de recomeçar nossas vidas”, conclui.

Este artigo faz parte da cobertura especial do g1 sobre a queda do voo 2283 e os desdobramentos da investigação da maior tragédia aérea do Brasil em quase duas décadas. O drama humano por trás dos números revela uma história de perda, resiliência e uma luta contínua pela justiça.

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