O aumento no número de empresas que acumulam grandes quantidades de bitcoin evidencia uma estratégia de diversificação de ativos e proteção contra a inflação. Entre os principais players estão a Tesla, que já aceita pagamentos em bitcoin, e a Trump Media, que planeja oferecer produtos de investimento em criptomoedas. Analistas avaliam que essa tendência reforça o papel do bitcoin como ativo financeiro.
Gigantes do setor adotam bitcoin como reserva financeira
Empresas como a Strategy, anteriormente focada em software, possuem hoje mais de 600 mil bitcoins, o que representa cerca de 3% de todos os tokens existentes, de acordo com dados da companhia. Segundo o especialista em tecnologia e dados do banco Natixis, Eric Benoist, a estratégia é diversificar o fluxo de caixa e combater os efeitos inflacionários.
Michael Saylor, cofundador da Strategy, destacou que a iniciativa gerou valor para investidores, ao permitir o acesso ao potencial de valorização do bitcoin, especialmente em um cenário de mudanças regulatórias favoráveis nos EUA, que impulsionaram a moeda digital em 2024.
Controvérsia e riscos no investimento em criptomoedas
Apesar do crescimento do mercado, a volatilidade do bitcoin permanece elevada, com o valor um pouco abaixo de US$ 117 mil, e o risco de perdas expressivas constante. Campbell Harvey, professor de finanças da Universidade Duke, alerta que a compra de reservas de caixa em criptomoedas pode ser arriscada, especialmente para empresas com forte volatilidade.
Harvey explica que a liquidez de uma operação de venda de centenas de milhares de bitcoins é limitada e que, ao tentar liquidar esses ativos, o valor pode despencar rapidamente, provocando uma crise no mercado de criptomoedas.
Impacto do investimento corporativo no mercado de bitcoin
Segundo Jack Mallers, CEO da Twenty One Capital, o mercado já incorporou essa volatilidade, e a influência de grandes detentores, chamados de “baleias”, potencializa a alta de preços. Ele ressalta que o investimento de fundos corporativos impulsiona o valor das ações dessas empresas, que atualmente estão sendo negociadas a preços acima de suas reservas em bitcoin.
Porém, especialistas como Benoist alertam que a estratégia de acumulação pode contrariar a essência original do bitcoin, criado em 2008 como um meio de pagamento descentralizado. Caso esses fundos não consigam monetizar suas reservas, há risco de uma eventual bolha no mercado de criptomoedas, apontam analistas.
Perspectivas e desafios futuros
Para que essas empresas mantenham a sustentabilidade de seus investimentos em bitcoin, será necessário desenvolver produtos financeiros que permitam a liquidação e uso prático dos criptoativos. A tendência de acumulação deve continuar, mas exige cautela diante das oscilações do mercado, que podem alterar significativamente o cenário para investidores e empresas.