O ex-deputado e ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, decidiu tomar uma atitude radical após ser alvo de ofensas durante uma manifestação em Belo Horizonte. Na quinta-feira, ele apresentou uma queixa-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG). A polêmica se intensificou quando Cleitinho se referiu a Cunha como “vagabundo” e “canalha” enquanto discursava em um trio elétrico durante um ato em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no último domingo. A informação foi inicialmente divulgada pelo portal PlatôBR e confirmada pelo jornal O Globo.
A rivalidade entre Cleitinho e Cunha
Esta não é a primeira vez que Cleitinho se dirige de forma depreciativa a Cunha. O senador já havia demonstrado seu descontentamento com o ex-deputado no passado, afirmando em dezembro que pretende fazer campanha contra ele em todos os 853 municípios de Minas Gerais, caso Cunha se mantenha em seu projeto de candidatura a deputado federal em 2026.
Naquela ocasião, Cleitinho chegou a expressar sua frustração em relação à existência de uma Comissão de Ética no Senado, afirmando que sua vontade era “dar um murro na cara de Cunha”. As declarações de Cleitinho não apenas expõem a rivalidade política, mas também refletem um ambiente altamente polarizado dentro do próprio partido, o Republicanos.
Argumentos da queixa-crime
Na queixa-crime protocolada ao STF, os advogados de Cunha sustentam que a imunidade parlamentar de Cleitinho não se aplica a ofensas proferidas fora das dependências do Congresso Nacional. Eles argumentam que as palavras proferidas pelo senador durante a manifestação não guardam qualquer vínculo com o exercício da atividade parlamentar.
Na petição, Cunha afirma que as expressões “canalha” e “vagabundo” não configuram um discurso político ou uma crítica dentro do contexto institucional da atividade parlamentar. Segundo ele, tratam-se apenas de ofensas pessoais com o intuito de descredibilizar moralmente e desqualificar publicamente sua imagem.
O discurso polêmico de Cleitinho
Durante o evento, ao se dirigir ao público que apoiava o ex-presidente, Cleitinho disparou críticas à possível candidatura de Cunha: “Aqui em Minas Gerais tem um canalha, um vagabundo, que se chama Eduardo Cunha, que está vindo para cá agora querendo fazer campanha para deputado federal. Vocês vão ter coragem de votar em um vagabundo desse?”, questionou o senador, gerando vaias e aplausos entre os apoiadores de Bolsonaro.
Embora Cunha seja atualmente filiado ao Republicanos, partido do qual Cleitinho também faz parte, ele já indicou que está considerando buscar uma nova sigla para concorrer nas eleições de 2026. O cenário interno do partido se complicou para Cunha, que perdeu influência nesse ano devido a conflitos internos.
Implicações políticas a longo prazo
A rivalidade entre Cunha e Cleitinho pode ter repercussões significativas nas próximas eleições, refletindo uma divisão que pode se aprofundar em um cenário já marcado pela polarização política no Brasil. Com as eleições de 2026 se aproximando, a necessidade de Cunha de se reposicionar dentro do cenário político pode afetar não apenas sua trajetória política, mas também a coesão do partido Republicanos em Minas Gerais.
A tensão entre os dois políticos evidencia um clima de animosidade que poderá influenciar o comportamento dos eleitores e a dinâmica das campanhas eleitorais nos próximos anos.
Assim, a queixa-crime protocolada por Eduardo Cunha no STF não é apenas uma questão pessoal, mas serve como uma amostra do quão conturbado se tornou o ambiente político brasileiro, onde acusações pessoais e rivalidades se entrelaçam com as aspirações eleitorais.
Com o futuro político de ambos os personagens em jogo, a situação continua a se desenvolver enquanto novos capítulos dessa conturbada relação podem surgir nos próximos meses.