Um bispo católico aposentado de Brooklyn, Nicholas DiMarzio, rejeitou veementemente acusações de abuso sexual feitas por dois homens que alegaram ter sido vítimas na década de 1970 e 1980. Apesar de a Igreja Católica ter declarado, em 2021, que as alegações não tinham “semblante de verdade”, investidores de seu caso continuam a questionar o procedimento e os pagamentos de indenizações entregues às testemunhas.
Rejeição às alegações e explicações oficiais
DiMarzio afirmou nesta semana que nunca cometeu abusos durante seus mais de 50 anos de sacerdócio. “Desde o começo, afirmei que nunca abusei de ninguém”, declarou o bispo aposentado, reforçando que uma investigação canônica exaustiva e um teste de detector de mentiras confirmaram sua inocência. Segundo seu advogado, Joseph Hayden, a investigação foi conduzida por empresas independentes lideradas por ex-promotores federais e ex-diretores do FBI, sob as diretrizes do Vos Estis Lux Mundi, promulgadas pelo Papa Francisco.
Apesar disso, os processos judiciais ainda resultaram em pagamentos de indenizações a dois homens, que alegam ter sido vítimas de DiMarzio na década de 1970. As vítimas receberam valores considerados elevados, embora o próprio bispo ressaltou que as negociações de acordo não envolveram sua participação nem admitem responsabilidade da Igreja.
Polêmicas e críticas ao procedimento
O advogado de DiMarzio criticou os pagamentos, classificados como “uma decisão de negócio”, reforçando que o bispo não autorizou nem participou das negociações, nem assinou os acordos, que, na sua visão, não representam reconhecimento de culpa. O próprio prelado afirmou que os recursos serviram para evitar custos de litígios e promover uma resolução para todos os envolvidos.
Por outro lado, o advogado de uma das vítimas, Mitchell Garabedian, discorda do resultado da investigação do Vaticano, chamando-a de uma “paródia de investigação”. Em declarações à CNA, Garabedian acusou o processo de falta de rigor, alegando que uma das testemunhas não foi ouvida de forma direta e que recentemente as estruturas da Igreja continuam a encobrir casos de abuso.
Críticas à transparência na Igreja
Garabedian descreveu o procedimento como uma tentativa de encobrir os fatos, questionando a integridade da investigação. “Isso não é surpresa, dado o histórico de encobrimento na Igreja ao longo das décadas”, afirmou. Ele também destacou que DiMarzio deixou seu cargo logo após a declaração do Vaticano, em 2021, pouco depois de ser considerado inocente oficialmente.
Impacto e futuro das investigações
As normas do Vos Estis Lux Mundi, que regem investigações e denúncias contra membros do clero, foram reiteradas pelo Papa Francisco em 2023, reforçando a responsabilidade das dioceses de conduzir apurações internas e externas. No entanto, a controvérsia envolvendo DiMarzio reacende debates sobre a transparência e a confiabilidade dos procedimentos da Igreja na investigação de abusos.
Enquanto o Vaticano e a Arquidiocese de Newark justificaram os pagamentos como uma tentativa de evitar longos litígios e proporcionar encerramento às vítimas, críticos permanecem céticos quanto à imparcialidade dos processos e à efetividade das investigações em temas sensíveis como o abuso sexual na Igreja.