Brasil, 9 de agosto de 2025
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Um ano após queda de avião, viúva recria rotina para filho autista

Beatriz Copetti compartilha sua luta para manter viva a memória do marido enquanto cuida do filho autista após a tragédia do voo 2283.

Um ano após a tragédia do voo 2283, que resultou na morte de 62 pessoas, Beatriz Copetti enfrenta o desafio de recriar a rotina de seu filho, Eduardo, para ajudá-lo a lidar com a perda do pai, José Carlos, também conhecido como Caú. O acidente, que ocorreu em 9 de agosto de 2024, deixou uma marca profunda na vida de sua família, em Jacareí (SP), onde José Carlos era uma figura central que vivia para divertir e apoiar os entes queridos.

A perda de um pai e referência

José Carlos, de 45 anos, era um verdadeiro pilar de sua família, sempre pronto para animar os encontros sociais e criar memórias felizes com seus filhos. Eduardo, de apenas 12 anos e diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA), ficou profundamente afetado pela súbita e inesperada partida do pai. Depois do acidente, Beatriz percebeu que seu filho começou a ter crises mais graves, se afastando de tudo que o lembrava de José Carlos.

“Eduardo viu seu mundo desmoronar sem o pai. Ele que sempre foi tão alegre e otimista agora enfrentava uma imensa solidão”, relata Beatriz. A situação exigiu uma reavaliação da dinâmica familiar e, assim, Beatriz decidiu reviver as tradições familiares que envolviam José Carlos, incluindo passeios regulares para pescar e os domingos nos estádios.

Recriando memórias e tradições

Com a intenção de manter viva a memória de José Carlos, Beatriz começou a implementar as atividades que pai e filho costumavam fazer juntos. “A pescaria foi uma maneira de trazer Eduardo de volta à vida. Ele ficou tão feliz esqueceu, por um breve momento, a dor da perda e se concentrou em recordar os bons momentos”, explica Beatriz.

O estádio do Corinthians, onde pai e filho costumavam torcer, também se tornou um espaço de recordações. “Nos dias mais difíceis, eu olho ao redor e lembro das risadas. Eu tento passar para o Eduardo que devemos olhar para frente, viver o presente”, acrescenta Beatriz, refletindo sobre a importância de preservar a alegria que José Carlos trazia à suas vidas.

Documentário sobre a tragédia

O g1 lançou um documentário chamado “81 segundos”, que detalha o impacto do acidente nas famílias das vítimas, abordando a dor e a luta por respostas. O nome do filme refere-se ao tempo que a aeronave levou para atingir o solo após a perda de controle. Para Beatriz, o documentário é uma forma de dar visibilidade à memória de seu marido e ao sofrimento enfrentado pela família.

A importância de manter viva a memória

Beatriz ressalta que a lembrança de José Carlos deve ser celebrada e não apenas lamentada. “Ele sempre dizia que queria que lembrássemos dos momentos felizes. Criar novas memórias com Eduardo é uma maneira de honrar seu legado”, explica com emoção.

A viúva também compartilha que, mesmo enfrentando desafios emocionais, as lembranças de seu marido trazem conforto e força. “Estar presente, mesmo quando a saudade aperta, é essencial. Meus filhos precisam saber que o amor que compartilhamos nunca vai acabar, apesar da ausência física dele”, diz Beatriz.

O acidente e suas consequências

O voo 2283, que saiu de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP), acabou caindo em um condomínio em Vinhedo, SP, após apresentar problemas técnicos. Um relatório preliminar do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) destacou que a tripulação havia informado sobre uma falha no sistema de antigelo, embora não tenha conseguido confirmar se isso realmente impactou a aeronave.

Além das investigações, muitas famílias ainda buscam respostas sobre o que realmente ocorreu. A Voepass, companhia aérea envolvida no acidente, declarou que o episódio foi um dos mais difíceis da sua história e que mantém suporte psicológico ativo aos familiares das vítimas.

Encerrando um ciclo e enfrentando o futuro

Um ano após a perda, Beatriz continua a luta diária de cuidar de Eduardo e manter vivas as memórias de José Carlos. Entre pescarias e dias de jogos, ela sabe que cada pequeno momento partilhado com o filho é uma forma de manter o pai presente em suas vidas. “Além das memórias, estamos especialmente focados em criar novas experiências que façam Eduardo feliz. Isso é, de certa forma, o que o pai dele sempre quis.”

A trajetória de Beatriz e Eduardo é um lembrete poderoso do amor que permanece, mesmo em meio à dor da perda. Com fé e esperança, eles estão aprendendo a viver um novo capítulo enquanto honram a memória de José Carlos.

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