A indústria têxtil e de confecção brasileira enviará uma delegação aos Estados Unidos no início de setembro para discutir a alta de 50% nas tarifas de exportação, um impacto que ameaça o setor. A missão, coordenada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), visa estreitar contatos com empresas e entidades americanas para tentar reduzir a tarifa.
Esforços para minimizar o impacto do tarifaço
Além do encontro bilateral, a CNI anunciou a contratação de um escritório de lobby nos EUA, uma atividade legalizada no país, para convencer o governo norte-americano a diminuir a tarifa. Segundo Fernando Valente Pimentel, diretor-superintendente da Abit, a iniciativa busca mostrar ao governo americano o peso do setor privado brasileiro na economia.
Propósito da missão e cenário atual
A proposta é promover encontros entre fornecedores e clientes brasileiros e americanos, além de fortalecer as relações institucionais. “Queremos mostrar o interesse do setor privado e criar uma relação melhor com os americanos, porque o Brasil está sendo extremamente penalizado”, explica Pimentel. A mobilização ocorre após muitos exportadores terem se antecipado ao tarifaço, enviado cargas antes do prazo final, para evitar o aumento de custos.
Impacto do tarifaço nas exportações brasileiras
Com 80% da produção destinada ao mercado dos Estados Unidos, o setor de confecção brasileiro enfrenta dificuldades. No ano passado, as importações americanas de itens de confecção totalizaram US$ 114 bilhões, sendo que a China respondeu por US$ 28 bilhões. Entre os principais compradores estão Vietnã, Camboja e Bangladesh, e a moda brasileira tem forte presença nesse mercado.
Segundo dados da Abit, 40% da moda praia e 27% dos vestidos e saias exportados pelo Brasil são enviados aos EUA, que representam uma parcela significativa para segmentos de maior valor agregado. “Para algumas empresas, 50% do faturamento vem do mercado americano, o impacto do tarifaço será brutal e pode comprometer até 85% das exportações previstas para o próximo ano”, alerta Pimentel.
Consequências econômicas e sociais
Se a perda desses negócios ocorrer, o setor pode perder cerca de cinco mil empregos formais apenas neste ano, segundo estimativas. Na soma dos empregos indiretos, o impacto pode chegar a 15 mil postos de trabalho. O valor das exportações previstas para o próximo ano era de aproximadamente R$ 500 milhões a R$ 550 milhões, mas, sem ações, 85% desse valor estaria comprometido.
Participaram da primeira reunião de ações contra o tarifaço o vice-presidente Alckmin, e os ministros Fernando Haddad e Rui Costa. Entre as possíveis medidas de compensação estão a extensão de prazos de pagamento, redução de impostos, linhas de crédito facilitadas e flexibilização na jornada de trabalho, semelhantes às adotadas durante a pandemia, porém de forma mais seletiva.
Perspectivas para o setor têxtil diante do tarifaço
A estratégia para o setor é unir esforços diplomáticos, comerciais e políticos para minimizar os efeitos do tarifaço. Ainda que alterações no mercado demandem tempo, a mobilização busca evitar uma crise maior na indústria da moda brasileira, que é fundamental para nichos de alta qualidade e inovação. O governo brasileiro promete acompanhar as negociações e estudar medidas adicionais de apoio às empresas mais afetadas.
Para mais detalhes, consulte o texto completo na fonte.