Em meio às dificuldades causadas pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos, que resultou em um prejuízo estimado de US$ 1 bilhão para o Brasil, o governo de São Paulo busca abrir o mercado japonês para a carne bovina do estado. O governador Tarcísio de Freitas iniciou negociações para ampliar as exportações e fortalecer o setor de carnes paulista.
Esforços para a abertura do mercado japonês à carne de São Paulo
Ontem, Tarcísio de Freitas reuniu-se com o vice-cônsul do Japão em São Paulo, Tomu Shimizu, além de representantes de frigoríficos paulistas, para discutir os procedimentos necessários para a liberação das exportações ao país asiático. Essa iniciativa visa mostrar a rastreabilidade da carne paulista, que preserva a origem do produto, além de aproveitar a proximidade do porto de Santos para facilitar a logística do escoamento.
Segundo o deputado estadual Lucas Bove (PL), que atua em pautas do agronegócio e intermediou o diálogo, “a carne do gado criado em confinamento agrada mais aos japoneses do que a carne de pasto”. Bove também destacou que já ficou agendado um encontro do cônsul japonês com o secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Guilherme Piai, além de uma visita de uma missão técnica japonesa às propriedades paulistas ainda neste semestre.
Diálogo contínuo e perspectivas de avanço
A Secretaria de Agricultura do Estado confirmou que mantém contato frequente com o consulado do Japão, visando a viabilização da abertura do mercado. Em nota, a pasta informou que “está em negociação a vinda de uma missão técnica japonesa ao estado, com visitas a propriedades e confinamentos, previstas para este semestre”, com o objetivo de ampliar as exportações e gerar novas oportunidades para os produtores locais.
Brasil livre de febre aftosa e desafios sanitários
Apesar de o Brasil ter sido declarado livre de febre aftosa pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) em maio deste ano, o processo para abrir novos mercados ainda demanda tempo e exige o cumprimento de critérios sanitários rigorosos. O país tenta, há duas décadas, ingressar no mercado japonês, mas as restrições relacionadas à doença, especialmente a necessidade de estados sem vacinação, dificultam o avanço nas negociações.
O Japão importa aproximadamente 700 mil toneladas de carne bovina anualmente, priorizando fornecedores com certificações sanitárias rígidas, como a Austrália e os Estados Unidos. Na esfera federal, o Ministério da Agricultura também trabalha para ampliar as exportações, principalmente focando nos estados do Sul, considerados livres de febre aftosa sem vacinação, após visitas do presidente ao país.
Perspectivas futuras e esforços do setor
O setor aguarda uma resposta rápida às negociações para incluir frigoríficos de todo o Brasil na pauta de exportação ao Japão. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) solicitou ao Ministério da Agricultura maior celeridade no processo, para que as negociações tenham impacto positivo em uma das maiores demandas do mercado internacional.
Segundo fontes do setor, o sucesso dessas conversas poderá representar uma importante oportunidade para os produtores paulistas e brasileiros, especialmente diante da crise gerada pelas tarifas americanas, e contribuir para consolidar o Brasil como fornecedor confiável de carne bovina de alta qualidade ao mercado mundial.
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