Brasil, 7 de agosto de 2025
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O que Trump não consegue alcançar na Ucrânia

Estrategias de Trump contra Putin na Ucrânia enfrentam obstáculos difíceis de superar, com impacto limitado na guerra e na economia russa.

No dia 14 de julho, o então presidente Donald Trump anunciou que Rússia e países que comprassem petróleo russo seriam alvo de tarifas severas em 50 dias, caso Moscou não assinasse um cessar-fogo na Ucrânia. Duas semanas depois, durante viagem à Escócia, ele reduziu o prazo para 10 dias, justificando a rapidez pela ausência quase total de cooperação de Vladimir Putin. Apesar de afirmar que a reunião com o chanceler russo Sergey Lavrov foi “altamente produtiva”, o prazo está se encerrando nesta sexta-feira, sem avanços concretos.

Fraquezas das estratégias de Trump na crise ucraniana

Muita atenção tem sido dada à inversão de postura de Trump quanto à guerra na Ucrânia — especialmente em relação ao seu predecessor, Joe Biden. Diferentemente de Biden, Trump mantinha uma relação tensa com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, chegando a chamar Zelensky de “ditador” e a culpar falsamente ele por instigar o conflito. Sua postura mais firme, incluindo uma suspensão temporária de ajuda militar, tinha como objetivo pressionar Zelensky a aceitar negociações sem condições, o que talvez tenha contribuído para uma postura mais cautelosa do presidente ucraniano.

Pressão sobre Putin: pouca eficácia real

O esforço para negociar um cessar-fogo de 30 dias, iniciado em março, não teve sucesso, assim como tentativas posteriores no Mar Negro. Apesar do aumento da intensidade do bombardeio por parte da Rússia durante os primeiros meses da gestão Trump, o conflito parece estar longe de um desfecho favorável aos interesses ocidentais. As ameaças de tarifas de Trump, além do incentivo às alianças da OTAN para fornecer armas à Ucrânia, representam mais uma demonstração de frustração do que uma estratégia efetiva para pressionar Putin.

Impacto limitado das tarifas sobre a Rússia

As tarifas sobre a Rússia, na prática, terão pouco impacto financeiro. As trocas comerciais entre EUA e Rússia somaram apenas cerca de US$4 bilhões no último ano, diante de sanções ocidentais contínuas que dificultam o comércio com Moscou. Ainda assim, as ações secundárias, como tarifas de 100% sobre importadores de energia russa — como Índia e China —, representam uma tentativa de cortar uma fonte vital de financiamento do conflito.

Trump aposta que pode pressionar a Índia a reduzir as compras de petróleo russo usando tarifas de 50%. Mesmo assim, o primeiro-ministro Narendra Modi, que é nacionalista e dependente de Moscou para equipamentos militares, reagiu de forma contundente, classificando a medida como “extremamente infeliz” e sinalizando possíveis retaliações.

Resistência de Putin à pressão

Por mais que Moscou dependa menos das trocas comerciais tradicionais, Vladimir Putin dificilmente aceitará submeter-se às ameaças de Trump. O líder russo está convencido de que a guerra na Ucrânia faz parte de seu legado e tem se mostrado disposto a suportar sanções e prejuízos econômicos temporários para alcançar seus objetivos. A economia russa resiste relativamente bem às sanções, embora especialistas contem com uma possível recessão futura.

Além disso, Moscou busca fortalecer suas relações com Pequim, mesmo que isso signifique cedeu espaço para a China no cenário geopolítico. Países vizinhos, como Armênia, tentam diminuir sua dependência de Moscou, indicando o desgaste da influência russa na região, apesar da prioridade de Putin na questão ucraniana.

Uma estratégia de impacto limitado

Embora as ameaças econômicas de Trump possam parecer impactantes, na prática elas reiteram ações já adotadas pelos EUA ao longo do conflito. O envio de mais de US$66 bilhões em armas para a Ucrânia, sanções intensivas e a iniciativa de limitar receitas do petróleo russo por meio de um teto de preços refletem uma tentativa contínua de forçar Moscou à paz — com resultados ainda incertos.

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