Brasil, 9 de agosto de 2025
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Documentos revelam o poder financeiro do GAESA em Cuba

Documentos secretos expõem a influência do GAESA na economia cubana e sua falta de transparência.

Um recente vazamento de documentos secretos traz à tona a realidade das finanças do Grupo de Administração Empresarial S.A. (GAESA), revelando sua enorme influência na economia cubana. Os dados, que foram considerados como os mais detalhados até agora, mostram como o GAESA operou como um governo paralelo, controlando vastas reservas em dólares enquanto a economia do país enfrenta uma crise profunda.

Revelações surpreendentes sobre o GAESA

Os documentos financeiros obtidos pelo *Miami Herald* sugerem que o GAESA, de fato, possui reservas em dólares que impulsionam seu domínio sobre setores cruciais da economia cubana. Pavel Vidal, economista cubano, destacou que esta é a primeira vez que dados financeiros detalhados do GAESA estão disponíveis para avaliar seu poder monopolista.

“Eles têm reservas internacionais em dólares, e mesmo assim o restante da economia está se deteriorando,” afirmou Vidal. A análise mostra que o conglomerado acumula uma quantidade substancial de dólares que, segundo ele, sugere que o GAESA assumiu um papel semelhante ao de um banco central, mas sem a supervisão adequada.

GAESA: Uma entidade fora de controle?

GAESA, que mantém suas contas longe dos auditores do governo, é comparado a um “governo paralelo” por Vidal. Ele comentou que, enquanto trabalhava no Banco Central de Cuba, não tinha acesso a documentos financeiros de instituições ligadas ao GAESA, como o Banco Financiero Internacional.

A falta de transparência é alarmante. Em uma ocasião, Gladys Bejerano, ex-controladora geral da ilha, foi demitida após afirmar que não poderia auditar o GAESA porque não estava sob sua supervisão. Os documentos vazados também mostram que, apesar da crise econômica, o GAESA teve uma perda significativa de $5 bilhões em cinco meses, exacerbada pela queda drástica na receita do turismo.

A combinação de turismo e militarização da economia

Nos últimos anos, o conglomerado investiu pesadamente em hotéis de luxo, excluindo o governo de fundos que poderiam ser utilizados para áreas essenciais como saúde, energia e alimentação. Este cenário reforça a impressão de que as forças armadas cubanas acumulam poder político e econômico, ao mesmo tempo em que o resto da população enfrenta escassez.

Desigualdade nas contas do GAESA

Os dados financeiros revelam que o GAESA opera sob um sistema contábil dual, rastreando operações em dólares e pesos separadamente. Estudos indicam que aproximadamente 40% da economia opera sob regras diferentes, com pouca transparência e falta de supervisão, acentuando a desigualdade no tratamento entre o setor público e o privado. Isso levanta preocupações sobre concorrência, eficiência e desenvolvimento econômico.

O processo de acumulação de dólares e a falta de reinvestimento nos serviços básicos da população resultam em uma crise onde muitos cubanos enfrentam cortes de energia e uma baixa qualidade de vida.

A importância de uma fiscalização rigorosa

As informações obtidas pelo *Herald* não apenas expõem a grandeza das reservas do GAESA, mas também revelam como a falta de supervisão governamental pode ocultar corrupção. A ausência de impostos significativos pagos pelas empresas do GAESA e a evidência de que eles, na verdade, recebem mais do que devem em termos de financiamento do governo, aponta para uma estrutura econômica que pode estar funcionando a favor de uma elite em detrimento do povo cubano.

Implicações futuras para a economia cubana

A situação se complicou ainda mais com a recente queda do turismo, que diminuiu 62% desde 2019. GAESA, no entanto, continua a registrar lucros e vendas bilionárias, o que levanta questões sobre como esses recursos estão sendo geridos, especialmente diante de uma crise tão evidente enfrentada pela população cubana.

Num momento em que a economia do país encolheu 1,9% em 2023, as operações do GAESA continuam a fornecer dados reveladores sobre a real dinâmica econômica de Cuba. Ao considerar o futuro político do país, os especialistas estão alertando que o GAESA representa um dos maiores detentores de ativos chave e pode muito bem continuar a influenciar o rumo da economia cubana nas próximas décadas.

Assim, os respectivos documentos não apenas oferecem um novo nível de compreensão sobre a intimidade entre o governo cubano e a elite militar, mas também acentuam a necessidade de uma supervisão econômica mais rigorosa e uma abordagem mais transparente em relação à gestão de recursos que pertencem ao povo cubano.

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