Brasil, 10 de agosto de 2025
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Declarações de RFK Jr. sobre negros e vacinas geram preocupação em especialistas

Comentário polêmico de RFK Jr. sobre vacinações em negros provoca rejeição entre médicos, que alertam para risco de aumento na desconfiança na saúde

As afirmações recentes de Robert F. Kennedy Jr., sobre diferenças na vacinação de negros e brancos, têm causado forte reação de especialistas em saúde pública. Kennedy afirmou que “não devemos dar o mesmo calendário de vacinas a negros, pois seu sistema imunológico é melhor que o dos brancos”, comentário que remete a práticas de racismo científico e que foi duramente repudiado por profissionais do setor.

Implicações das declarações de RFK Jr. para a saúde pública

A fala de Kennedy, durante uma audiência e reiterada em discurso público, reforça a ideia de que race-based medicine — medicina baseada em raça — ainda possui espaço na narrativa de alguns líderes, embora a comunidade científica tenha reiterado por anos que raça é uma construção social, sem respaldo genético para diferenciações nos tratamentos.

Segundo Joel Bervell, médico e especialista em desmistificação de mitos na saúde, essa postura reforça conceitos de racismo científico, que já causaram danos históricos, como a falsa crença de que negros possuem rins superiores ou maior resistência à febre amarela.

Perigos de disseminar racismo científico na medicina

“Ao defender que negros precisam de um esquema de vacinação diferenciado, Kennedy perpetua uma ideologia que já foi usada para justificar desigualdades e até negligência médica,” explica Dr. Oni Blackstock, especialista em equidade racial na saúde. “São conceitos que geram desconfiança na comunidade negra em relação ao sistema de saúde, dificultando a adesão a vacinas e tratamentos,” acrescenta.

Conscientização e combate à desinformação

Representantes de entidades como a Associação Médica Americana (AMA) e a Academia Americana de Pediatria (AAP) reagiram às declarações, pedindo que as autoridades mantenham a integridade científica nas políticas públicas. Algumas dessas organizações chegaram a processar Kennedy por mudanças no calendário de vacinação contra a COVID-19, devido às declarações consideradas prejudiciais.

Especialistas destacam que Kennedy, que teve uma postura abertamente contrária às vacinas no passado, tenta novamente explorar o tema de forma a gerar dúvidas sobre a segurança e a equidade do Programa Nacional de Imunizações. “Essa narrativa deseja explorar a desconfiança já presente, especialmente entre a comunidade negra, e pode atrasar avanços essenciais na imunização,” alerta Bervell.

Histórico de discursos racistas na saúde

O episódio remete a práticas de racismo na medicina, como a crença equivocada de que os negros têm maior resistência à dor ou que possuam características físicas superiores, ideias que tiveram impacto severo na política de saúde ao longo da história. Esses mitos contribuíram para subtratamento, negligência e até mortes evitáveis.

“Ainda enfrentamos consequências dessas crenças há poucos anos, com políticas que discriminam e discriminavam populações negras, e os discursos atuais reforçam essa herança,” pontua Blackstock.

Conscientização e riscos de disseminar mitos

Analistas alertam que figuras públicas e líderes políticos possuem uma responsabilidade enorme na disseminação de informações corretas. Comentários como os de Kennedy não apenas desacreditam a ciência, mas podem desencorajar a população negra a buscar vacinas e cuidados médicos necessários.

“Em um momento onde a desinformação corre solta nas redes sociais, o impacto de uma fala irresponsável pode ser devastador, exacerbar desigualdades e prejudicar a saúde coletiva,” conclui Blackstock.

Este episódio evidencia a necessidade de diálogo baseado em evidências e de combater o racismo científico que ainda assombra o sistema de saúde. Profissionais exigem que líderes respeitem a ciência e reconheçam a complexidade do tema racial na medicina para garantir equidade no acesso e na qualidade do cuidado.

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