A recente guinada política no estado do Rio de Janeiro trouxe um cenário incerto para o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar (União). Considerado até pouco tempo como o principal favorito do governador Cláudio Castro (PL) para sucedê-lo no Palácio Guanabara, o futuro de Bacellar na corrida eleitoral se tornou nebuloso após descontentamentos com aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os descontentamentos e suas consequências
Num contexto onde as relações políticas são cada vez mais equilibradas, Bacellar se viu no centro de uma crise que começou com a insatisfação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Flávio expressou sua preocupação com a “precipitação” na definição do apoio a Bacellar, o que acendeu um alerta sobre a viabilidade da sua candidatura. Para piorar, Bacellar não se manifestou sobre a imposição de uma tornozeleira eletrônica e prisão domiciliar ao ex-presidente. Este silêncio foi interpretado como uma falta de lealdade, resultando em gestos de apoio a Bolsonaro por outros candidatos.
Além disso, a ausência de Bacellar em manifestações em apoio a Bolsonaro no último domingo acentuou ainda mais a tensão entre ele e os bolsonaristas. No primeiro semestre, Bacellar havia se posicionado favoravelmente ao ex-presidente, participando de encontros e até recebendo uma medalha simbólica durante um evento que celebrava a resistência ao governo atual. Mas essa mudança de postura irritou aliados do ex-presidente em um momento crucial.
A busca por alternativas
A situação não apenas complicou a linha de apoio a Bacellar, mas também fez com que ele considerasse alternativas, como concorrer a uma vaga no Tribunal de Contas do Estado. Esse movimento foi discutido por integrantes da base governamental e sugere que Bacellar está buscando garantir um espaço significativo para seu futuro político, dada a imprevisibilidade do cenário atual.
A demissão de Washington Reis e seus desdobramentos
A tensão entre Bacellar e a família Bolsonaro se intensificou após a demissão do ex-secretário estadual de Transportes, Washington Reis (MDB), decisão feita por Bacellar durante uma viagem de Castro ao exterior. Reis é visto como um aliado próximo de Bolsonaro, e sua saída gerou descontentamento e críticas de Flávio e outros parlamentares que se sentem desconfortáveis com as escolhas de Bacellar.
Implicações de um episódio recente
Com o recente episódio da tornozeleira eletrônica imposta a Bolsonaro, Flávio voltou a criticar a escolha de Bacellar como candidato ao governo, alegando que a decisão seria revista em um momento mais adequado. O clima entre Bacellar e Castro é descrito por fontes como “péssimo”, já que o governador percebeu a insatisfação dos bolsonaristas em relação ao seu aliado e tomou medidas para se distanciar de Bacellar, o que pode comprometer a candidatura de ambos.
Pressões e limitações na articulação política
Outro elemento que agrava o impasse sobre a candidatura de Bacellar é uma resolução do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que impede membros do partido de formarem alianças com políticos de outras siglas. Esta medida tem o objetivo de centralizar a definição das alianças em nome do partido, comprometendo ainda mais a articulação política de Bacellar.
Diante de tanta instabilidade, Bacellar se encontra num momento crucial para definir seu futuro político. A pressão aumenta à medida que as eleições se aproximam, e sua habilidade de reposicionar-se no cenário político será fundamental para tentar preservar suas aspirações eleitorais.
Até o fechamento desta matéria, Bacellar optou por não comentar sua relação com a família Bolsonaro, o que levanta mais questionamentos sobre seu plano para o futuro político do Estado do Rio de Janeiro.
Com tudo isso em jogo, o cenário político fluminense continua a se desenrolar e promete ainda muitas surpresas até as próximas eleições.