O Botafogo de Futebol e Regatas enfrenta um novo desafio jurídico. O juiz Márcio Rodrigues Soares, da 2ª Vara Empresarial da Justiça do Rio de Janeiro, citou e intimou o clube na ação movida pela Eagle Holding, que questiona as decisões da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Botafogo sob a gestão do empresário Jhon Textor. O clube tem um prazo de cinco dias para apresentar sua defesa após a intimação recebida na última terça-feira, conforme confirmado pelo magistrado nesta quinta-feira.
Ação judicial e seus desdobramentos
A Eagle Holding, que entrou com a ação de tutela cautelar, busca impedir que Textor tome decisões unilaterais sem a consulta à empresa. Os advogados da holding pedem a suspensão dos efeitos da assembleia-geral realizada em 17 de julho e que novos atos societários sejam impedidos sem a devida representação da Eagle Bidco, sua subsidiária. A ação também exige que contratos com empresas ligadas a Textor sejam considerados nulos, vislumbrando um controle mais seguro sobre as operações do Botafogo.
De acordo com informações obtidas, a Ares Management, principal financiadora da Eagle Holdings, acredita que a resolução do conflito no tribunal pode se estender por um longo período, especialmente se não houver um acordo entre os acionistas. Apesar disso, no Botafogo há um certo otimismo quanto à possibilidade de um acordo que evite longo desgaste, uma vez que a situação pode afetar negativamente as atividades esportivas do clube.
Possíveis implicações legais para Textor
Entre os possíveis desdobramentos da ação, a Ares Management alertou para a chance de surgimento de processos criminais contra Jhon Textor e outros membros da administração do Botafogo que possam ter colaborado em ações consideradas ilegais. Há alegações de indícios de estelionato e formação de quadrilha, o que aumenta a tensão entre as partes envolvidas na disputa.
Um documento da última reunião do Conselho de Administração, na qual Textor presidiu e aprovou a venda do controle da SAF a uma nova empresa estabelecida em um paraíso fiscal, está sendo utilizado como evidência pela defesa da Ares, apontando irregularidades que poderiam prejudicar o andamento regular do clube.
O conselho administrativo e a tensão nas decisões
O conselho que atua nas deliberações do Botafogo é composto por Textor, o indicado pela Eagle, Jordan Eliott Fiksenbaum, e outros membros. Uma carta foi enviada à Eagle no dia da controversa reunião, insinuando que os conselheiros se demitiriam caso Textor fosse removido do comando da SAF. A Ares, por sua vez, questiona os possíveis alinhamentos do clube entre Textor e as leis que regulamentam a gestão esportiva.
Seria a solução um acordo?
Na mesma reunião onde as tensões aumentaram, Donald William Christopher Mallon, novo administrador indicado pela Eagle, pediu que Textor se afastasse do controle da SAF. A demanda é clara: a proibição de atos societários ou deliberações sem a adequada representação da Eagle Bidco, reforçando a necessidade de uma governança robusta e transparente.
A Eagle Holding contesta, ainda, o procedimento adotado na SAF, que resultou em um crédito de 150 milhões de euros referente a uma suposta dívida com o Lyon, alegando que essa transação pode ter sido manipulada por Textor sob interesses próprios. A Ares, que assumiu o controle da equipe francesa com o intuito de fortalecer suas finanças, tenta aplicar estratégias semelhantes na gestão do Botafogo, que até o momento não apresentou balanços financeiros.
A expectativa do futuro do Botafogo
Por fim, a equipe do Botafogo segue atenta à ação na Justiça do Rio. A SAF conseguiu um congelamento das ações para evitar qualquer interferência durante a resolução do processo. A complexidade das relações e as alegações em curso refletem um cenário conturbado, onde a administração do clube pode estar em risco se as acusações se concretizarem. Assim, o futuro do Botafogo e de sua gestão permanece incerto, e o clube aguarda um desfecho que não comprometa seu desempenho no cenário futebolístico.