Na sexta-feira, após o Bureau of Labor Statistics divulgar um relatório mostrando números de contratação de julho fracos e revisões negativas para os últimos dois meses, Donald Trump anunciou a demissão da responsável pela agência, Erika McEntarfer. A decisão ocorreu após Trump afirmar, em redes sociais, que os dados foram “armados” para prejudicá-lo e sugerir manipulação sem provas.
Repercussão e preocupações com interferência política nos dados econômicos
Apesar das alegações de Trump, a maioria dos especialistas, incluindo economistas e ex-funcionários do BLS, descarta a hipótese de interferência política nos números de emprego, conforme apurado pelo The New York Times. Ainda assim, a demissão gerou forte repercussão no espectro político e social.
Bernie Sanders alerta contra o precedente autoritário
Em uma postagem no X, antigo Twitter, o senador Bernie Sanders criticou a atitude de Trump: “Não, senhor presidente. Nos Estados Unidos, você não demite o chefe do Bureau de Estatísticas do Trabalho por divulgar um relatório que não gosta. Isso é coisa de autoritários”, afirmou Sanders, acrescentando que “precisamos de economistas sérios, não de funcionários que só dizem o que você quer ouvir.”
Outros líderes também manifestaram preocupação
O ex-secretário de Transporte, Pete Buttigieg, destacou que a reação do governo reflete um comportamento preocupante: “O presidente vê uma má notícia e responde demitindo quem produz dados. Assim, a América vira um país de terceira linha”, disse, também no X.
William Beach, ex-presidente do próprio BLS durante a gestão de Trump, também condenou a demissão: “A demissão injustificada de Erika McEntarfer estabelece um precedente perigoso e prejudica a missão do Bureau de Estatísticas”, afirmou em uma postagem.
Reações na sociedade e comparação com regimes autoritários
Nas redes sociais, internautas criticaram duramente a ação. Um usuário questionou: “E o que acontece quando o próximo relatório de empregos for ruim? Demitem ou mentem?”. Outros fizeram comparações com práticas soviéticas, como @anneapplebaum: “Isso é muito soviético, Stalin também preso e executava estatísticos”, escreveu.
O Lincoln Project descreveu a ação como um comportamento de ditador. “O que é isso, uma ditadura?”, questionou outro usuário, refletindo a preocupação generalizada com o impacto dessa interferência na confiança pública nos dados econômicos.
Continuidade do debate e defesa oficial
Após os ataques, assessores econômicos da Casa Branca defenderam a decisão de Trump, destacando que não há evidências de manipulação nos dados divulgados. Mesmo assim, Trump manteve suas críticas nas redes sociais, prometendo nomear uma nova autoridade do BLS nos próximos dias e continuando a questionar a credibilidade do relatório.
Especialistas alertam para o risco de enfraquecimento da confiança nas estatísticas oficiais e alertam que esse tipo de comportamento é uma ameaça à transparência e à integridade dos indicadores econômicos fundamentais para o país.