Bernardo Sayão é um nome que ecoa na história de Brasília, não apenas por suas contribuições à construção da capital, mas também por um curioso destino. O engenheiro, que brincou sobre quem seria o primeiro a ser enterrado no cemitério da nova cidade, acabou por se tornar essa primeira pessoa. Sua trajetória é um testemunho não apenas do desenvolvimento urbano, mas também das peculiaridades da vida e da morte.
A vida de Bernardo Sayão
Bernardo Sayão nasceu em 18 de junho de 1901, no Rio de Janeiro. Formado como engenheiro-agrônomo em Belo Horizonte, dedicou anos de sua vida à construção de estradas. Em 1939, a pedido do presidente Getúlio Vargas, Sayão mudou-se para o centro do país, onde assumiu o papel de coordenador da “marcha para o Oeste”, um projeto que visava colonizar e desenvolver as regiões pouco habitadas do Brasil.
Nessa nova fase de sua vida, Sayão se destacou ao se tornar vice-governador de Goiás durante a década de 50, período em que apoiou a desapropriação das fazendas que hoje fazem parte do Distrito Federal. O historiador Elias Manoel destaca em suas obras que Sayão foi fundamental para a construção de Brasília antes mesmo da cidade ser oficialmente inaugurada em 1960. Entre suas realizações, destaca-se a criação da pista onde o presidente Juscelino Kubitschek pousou pela primeira vez na região.
O envolvimento de Sayão na construção de Brasília
Em 1956, a Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil) foi fundada e Sayão foi convidado para ser um dos diretores, consolidando ainda mais seu papel na construção da nova capital. Trabalhou lado a lado com seu amigo, o chefe de topografia Jofre Mozart Parada, em diversas etapas do projeto que iriam moldar Brasília. O engenheiro, que tinha uma relação próxima com os trabalhadores, referiu-se a um evento curioso em 1957, quando, durante uma visita ao que seria o cemitério da cidade, fez uma brincadeira sobre quem seria o primeiro a ser sepultado ali.
A trágica morte de Bernardo Sayão
O destino de Sayão, no entanto, seria selado de maneira inesperada. Em 15 de janeiro de 1959, enquanto trabalhava na construção da rodovia Belém-Brasília, um galho de árvore caiu sobre ele, ferindo-o gravemente. Ele foi resgatado e levado de helicóptero em busca de atendimento médico, mas faleceu durante o trajeto. Seu corpo chegou a Brasília na noite de 16 de janeiro, e o cemitério, onde ele estava destinado a ser enterrado, ainda não estava finalizado — apenas estacas e vegetação marcam o local.
O historiador Elias Manoel relata que Jofre Mozart Parada mobilizou uma equipe para preparar o local e garantir que Sayão pudesse ter um enterro digno. Ele foi velado na capela Dom Bosco, onde uma grande multidão compareceu para prestar suas últimas homenagens. O evento se tornou um marco na história de Brasília e consolidou a importância de Sayão para a construção da cidade.
Em homenagem ao engenheiro, a rodovia onde ocorreu seu trágico acidente recebeu o nome de Rodovia Bernardo Sayão, perpetuando sua memória e suas contribuições para o Brasil.
Legado e importância de Sayão para Brasília
A história de Bernardo Sayão é repleta de significados, que vão muito além de sua contribuição na construção das infraestrutura da nova capital. Sua vida representa o espírito desbravador e o compromisso com o desenvolvimento do Brasil, sendo um dos principais protagonistas da história de Brasília. A ironia de seu destino, tornando-se o primeiro a ser enterrado no cemitério da cidade, adiciona uma camada de tragédia e curiosidade à sua já fascinante trajetória.
Por meio de suas ações e de seu legado, Bernardo Sayão continua sendo uma figura emblemática e importante na história do Brasil, inspirando futuras gerações a contribuir com o desenvolvimento e a construção de um país mais próspero.